segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Meios de comunicação que elegem presidentes

Meios de comunicação que elegem presidentes

Pascual Serrano

Rebelión

O uso dos meios de comunicação como principal veículo para fazer política e tomar de assalto os governos já é uma realidade nos países de economia de mercado. A casuística é variada, mas semelhante no essencial. Pode acontecer que alguns políticos desprestigiados e corrompidos cedam o destaque de sua ideologia a meios privados para que lutem por algumas posições ideológicas nas quais ninguém acredita mais quando saem da sua boca, como acontece no caso da Venezuela. Em outros, é o magnata dos meios de comunicação que, graças ao trabalho de suas televisões e jornais consegue chegar ao governo, como Silvio Berlusconi na Itália. Agora estamos vendo como isso acontece nos EUA. Ali, o dono da cadeia Fox, Rupert Murdoch, doou um milhão de dólares à Câmara de Comércio, um lobby republicano que, estima-se, tenha investido 75 milhões de dólares de procedência legalmente obscura nas eleições primárias norte-americanas. Já em julho, discretamente entregou outro milhão à Associação de Governadores Republicanos. “O que faríamos sem a Fox News? Amamos nossa Fox News”, disse em um comício em Kentucky a ex-candidata republicana à vice-presidência, Sarah Palin.

Tudo isso supõe várias perversões da democracia. Uma delas é que se dinamita o direito à informação dos cidadãos que se aproximam dos meios de comunicação para procurar notícias e se transformam em reféns de campanhas políticas. Além disso, e ainda mais grave, isso se faz a partir da argumentação das empresas de comunicação, de que defendem a liberdade de expressão e que oferecem informações neutras. Das quatro figuras políticas norte-americanas que aspiram à candidatura presidencial norte-americana em 2012, três estão na relação de funcionários da Fox, bem como comentaristas e apresentadores de “informativos”: a citada Sarah Palin, Newt Gringrich e Rich Santorum. Por outro lado, nem todas as ideologias dispõem das mesmas oportunidades para praticar essa forma de tentativa de tomada de governo, pois somente as de direita ou neoliberais são aceitas nos meios de comunicação privados. Não é possível que um partido ou um líder que proponham o desenvolvimento do Estado e a nacionalização de empresas e serviços possa ter sua tese defendida por algum grande meio de comunicação privado.

Concluindo, estamos diante do golpe de estado perfeito, pois as vias não são as armas, mas as ondas de rádio e televisão e as rotativas.

Pascual Serrano é jornalista. Publicou recentemente “Traficantes de la Información. La historia oculta de los grupos de comunicación espanholes”, Foca, novembro de 2010.

www.pascualserrano.net

Fonte: http://www.rebelion.org/noticia.php?id=115904&titular=medios-que-eligen-presidentes-

Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti

Um comentário:

  1. Nessa relação de super poderosos que usaram os seus meios de comunicação para controlar países e seus povos, não nos esqueçamos do brasileiro Roberto Marinho que criou um dos maiores impérios do mundo e durante décadas deu as cartas em seu País.

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