quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O PSol gaúcho e as eleições 2010

ANO 116 Nº 12 - PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2010

GUILHERME BARCELOS

No futebol, há um antigo - e sobretudo verdadeiro - dito, segundo o qual o time que entra em campo pretendendo empatar, perde. Trazendo esse valoroso ensinamento para o contexto das eleições 2010, entendo ser correto afirmar que o PSol gaúcho entrou em campo apenas para empatar, ou seja, para eleger uma deputada federal e um deputado estadual, e acabou sofrendo uma descomunal derrota nas urnas.

A campanha majoritária não existiu. O partido não organizou roteiros de campanha do candidato a governador (pelo Interior, sequer nas maiores cidades), vendo-se o postulante ao Palácio Piratini obrigado apenas a participar de debates no rádio e na TV e a aparecer poucos segundos no Horário Eleitoral Gratuito. Tão mirrada campanha ao Governo e ao Senado - e desta forma proposta e executada pelo próprio PSol/RS - não poderia traduzir-se em outro resultado senão na escassez geral de votos, em número significativamente menor do que os obtidos na eleição de 2006.

Igualmente, aqui no Estado, o PSol não se entregou de alma - e muito menos de corpo - na campanha de Plínio de Arruda Sampaio à Presidência da República, certamente devido ao inconformismo do grupo que domina e dirige o partido no Rio Grande do Sul com a derrota do candidato que defendia nas prévias nacionais do PSol. A experiência nos mostra que partidos políticos "rachados" invariavelmente naufragam em processos eleitorais. Aqui não foi diferente. E não só aqui: nas Alagoas, a ex-senadora Heloísa Helena, maior expoente do partido, não só foi omissa na campanha de Plínio, como flertou abertamente com a candidata verde Marina Silva. Partido rachado, o resultado veio em 3 de outubro, quando Heloísa ficou muito longe de conquistar uma das duas cadeiras que pleiteava para retornar ao Senado.

Afora todos esses fatores, há a cereja do bolo. Na reta final, após pregar ser o partido da coerência durante toda a campanha, defendendo que o eleitor não votasse no PT por conta das suas incoerentes alianças políticas, o PSol retirou uma das candidaturas ao Senado e passou a apoiar formalmente Paulo Paim, do mesmo PT que até o dia anterior era o suprassumo da incoerência.

Quem entra em campo para empatar, perde. Perdemos. Agora é hora de juntar os cacos e repensar o papel do PSol, principalmente no sentido de corrigir os rumos da sua construção, de um partido de dirigentes para um partido de bases.

servidor público federal e filiado ao PSol

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