sexta-feira, 7 de maio de 2010

RBS e FSP pautando UHEs: Pai Querê, Tijuco Alto e Cachoeirinha

Olá!

Impressionante como a imprensa escrota daqui da província baixa a linha da mídia burguesa do centro do país. Um dia após sair a reportagem na Folha de São Paulo "País tem 10 mil MW de energia na gaveta", o editorial do dia seguinte da Zero Hora só muda o título, mas repete trechos da reportagem paulista.
E ainda ver que a linha é dada pelo governo Lula via Ministério de Minas e Energia (MME), já que existem declarações nos colunistas da Economia dos "entraves burocráticos", principalmente ambientais. Nos mesmos jornais, páginas inteiras de propaganda da Eletrobrás.
Velho ditado: "Quem paga a banda, escuta a música que quiser".

MME ocupado pela turma do Sarney/Calheiros/Lobão, ex-arenistas. Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo devem estar orgulhosos.

Boa leitura!

Abraços
Eduardo

Zero Hora, 4 de maio de 2010

EDITORIAIS

ENERGIA NA GAVETA

A confirmação, feita por relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de que nada menos de 182 usinas estão esquecidas no fundo de gavetas, sem previsão de retomada, é preocupante para um país que precisa gerar energia suficiente para assegurar uma retomada consistente da atividade econômica. Juntos, os projetos suspensos somam 10 mil megawatts (MW) de capacidade instalada, próxima da prevista para a polêmica Belo Monte, de 11.233 MW. Por isso, independentemente da ênfase a grandes projetos, como o previsto para o Pará, o país precisa dar continuidade às obras de menor porte, lutando contra entraves que vão dos jurídicos aos econômicos, concentrando-se particularmente nos de ordem ambiental. As vantagens são consideráveis, e não se resumem aos valores financeiros.No total, as usinas paralisadas teriam um custo estimado de R$ 26 bilhões. Se todas elas entrassem em operação, teriam condições de gerar o equivalente a um quarto da potência dos novos projetos de geração no país, sem Belo Monte, cujo custo as empreiteiras estimam em R$ 30 bilhões. Entre os benefícios dos projetos de menor porte, estão o de não se concentrarem num único local, tendendo assim a provocar menos impacto ambiental, e o de não se basearem numa única fonte de geração, contribuindo para a diversificação nesta área. O problema é que, entre os planos descontinuados, estão alguns integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento desde a primeira versão, de 2007 – caso de Tijuco Alto, Cachoeirinha e Pai Querê –, mas não conseguem sair do papel. Em muitos casos, os problemas começam e param na dificuldade de obtenção de licença ambiental, o que recomenda mais preparo por parte da burocracia oficial. O esforço precisa envolver o próprio Palácio do Planalto, e não apenas o Ministério de Minas e Energia.Uma das consequências do fato de o país ter tantas iniciativas descontinuadas nesta área é a elevação dos custos das usinas, fazendo com que se transformem num sumidouro de dinheiro público. Em alguns, como o da Hidrelétrica Olho D’Água, no Rio Corrente (GO), por exemplo, a descoberta de um corredor de mata primária remanescente no local onde seria feita a obra foi suficiente para elevar o preço de R$ 160 milhões para R$ 240 milhões. Casos assim fazem com que, mesmo depois da liberação de grandes quantidades de recursos, o projeto praticamente caia no esquecimento. E são situações desse tipo que o poder público deve empreender um esforço para evitar cada vez mais, daqui para frente.É inadmissível que um país carente de energia farta e barata possa desdenhar pequenos projetos de geração, apesar da vantagem sob o ponto de vista de custos e danos, como os de ordem ambiental. O Brasil, com um potencial tão vasto de fontes para a geração, precisa apostar cada vez mais no aumento da eficiência energética, procurando assegurar oferta abundante e a preços razoáveis.

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2892395.xml&template=3898.dwt&edition=14621&section=1011

País tem 10 mil MW de energia na gaveta
Relatório de fiscalização da Aneel mostra que 182 usinas estão paradas, sem previsão para entrada em operação por causa de uma série de problemas

03 de maio de 2010 0h 00

Renée Pereira - O Estado de S.Paulo
Enquanto o governo se mobiliza para construir a mega hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, de 11.233 megawatts (MW), outras 182 usinas estão na gaveta, sem previsão de construção, por causa de problemas ambientais, jurídicos e econômicos. Juntas, elas somam 10 mil MW de capacidade instalada, o equivalente a 25% da potência dos novos projetos de geração elétrica no Brasil (sem Belo Monte).
Os dados constam do último relatório de fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e incluem hidrelétricas, termoelétricas e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs, de até 30 MW). Algumas delas estão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), desde a versão anterior, de 2007, como Tijuco Alto, Pai Querê e Cachoeirinha.
Para saírem do papel, essas unidades teriam de contar não apenas com o esforço do Ministério de Minas e Energia, mas também do Palácio do Planalto. A exemplo de Belo Monte, algumas sofrem fortes pressões por parte de órgãos ambientais.
No total, essas usinas custariam cerca de R$ 26 bilhões, com a vantagem de não estarem concentradas em um local nem dependerem só de uma fonte de energia. "O mais correto agora seria revisitar essas usinas e avaliar qual tem condição de ser construída ou não", diz o diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires.
Ele lembra que, para sustentar um crescimento de 5% ao ano da economia, o País terá de acrescentar quase 5 mil MW a cada 12 meses. Embora a universalizaçã o da eletricidade tenha atingido níveis elevados, muitos dos novos consumidores têm apenas uma lâmpada e uma TV dentro de casa, destaca Pires. "Mas, com a alta da renda, as pessoas tendem a comprar equipamentos que exigem mais energia."
Portanto, reforçam especialistas, os projetos não podem ser desprezados. Parte dessas usinas foi licitada no início da década, no modelo do governo de Fernando Henrique Cardoso, quando os empreendimentos eram entregues aos vencedores sem a licença ambiental prévia. Outras foram autorizadas nos últimos quatro anos, sob as regras criadas pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff.
Licença. Motivos não faltam para paralisar os projetos. Mas o principal deles é a dificuldade de conseguir a licença ambiental, em especial no caso das hidrelétricas. No total, são 13 usinas, de 2.482 MW, paradas. O projeto mais emblemático é o de Tijuco Alto, autorizado por decreto em 1988.
Há 21 anos, o Grupo Votorantim tenta levantar a usina, de 144 MW, no Vale do Ribeira (SP e PR). Nesse tempo, o projeto teve muitas idas e vindas. No último movimento, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) deu parecer favorável, mas pediu estudos complementares em relação às cavernas existentes na região. O trabalho deverá ser entregue nos próximos dias.

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