Quarta (28)
14 horas – Chegada a Santa Maria/RS
15 horas – Concede entrevista ao jornal "A Razão" e rádio "Santamariense", na sede do jornal, em Santa Maria/RS
16 horas - Concede entrevista à rádio Imembuí, no estúdio da emissora, em Santa Maria/RS
17 horas - Panfletagem e caminhada pelo calçadão do centro de Santa Maria/RS
19 horas - Lançamento da candidatura de Sandra Feltrin a deputada estadual, no Clube Comercial (rua Venâncio Aires, 1972, Centro, Santa Maria/RS
Quinta (29)
12 horas – Chegada ao município de Pelotas/RS
14 horas – Visita ao jornal "Diário Popular", em Pelotas/RS
16 horas - Entrevista à rádio comunitária de Pelotas - Rádiocom -, em Pelotas/RS
17 horas - Comício na Praça do Chafariz, com as presenças de Pedro Ruas e Luciana Genro
20 horas - Jantar com apoiadores no município de Rio Grande/RS
Sexta (30)
12 horas - Almoço em Porto Alegre/RS
14 horas – Roda de Conversa no Instituto Humánitas/Unisinos (IHU), em São Leopoldo/RS
15 horas - Entrevista à TV Unisinos/Canal Futura
16 horas – Visita ao jornal "NH" e entrevista a rádio "ABC", em São Leopoldo
19 horas - Caminhada e café no Mercado Público de Porto Alegre/RS
Sábado (31)
Agenda em Porto Alegre a confirmar
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Plínio é o convidado à sabatina R7 desta 3ª
Nesta terça-feira (27) o candidato à Presidência da República pelo PSOL, Plínio Arruda Sampaio, participa da sabatina promovida com os presidenciáveis pelo portal R7. O evento terá início às 16 horas com trasmissão em tempo real pela internet - pelo portal do R7 e também pelo site da campanha (http://www.plinio50.com.br/).
Às 22 horas, a íntegra da sabatina será retransmitida pela Record News. Clique aqui e saiba como sintonizar o canal em sua cidade.
Quem quiser pode enviar perguntas pelo e-mail sabatina@r7.com, com o assunto “Pergunta para Entrevista a Plínio Arruda Sampaio”. Também será possível enviar questões durante a entrevista.
Ainda é possível se inscrever para participar do evento na platéia organizada pela emissora. Os interessados devem ter ao menos 16 anos e enviar uma mensagem para o e-mail sabatina@r7.com. O e-mail deve ter o título “Inscrição para Sabatina Plínio Arruda Sampaio” e a mensagem deve ser informar o nome completo, endereço, profissão e números do RG e do CPF do interessado.
Às 22 horas, a íntegra da sabatina será retransmitida pela Record News. Clique aqui e saiba como sintonizar o canal em sua cidade.
Quem quiser pode enviar perguntas pelo e-mail sabatina@r7.com, com o assunto “Pergunta para Entrevista a Plínio Arruda Sampaio”. Também será possível enviar questões durante a entrevista.
Ainda é possível se inscrever para participar do evento na platéia organizada pela emissora. Os interessados devem ter ao menos 16 anos e enviar uma mensagem para o e-mail sabatina@r7.com. O e-mail deve ter o título “Inscrição para Sabatina Plínio Arruda Sampaio” e a mensagem deve ser informar o nome completo, endereço, profissão e números do RG e do CPF do interessado.
Dia 30/07: leilão de Garibaldi e mais duas hidrelétricas
Eletrobras disputará 3 novas usinas em leilão de energia hidrelétrica
As concessões serão leiloadas em 30 de julho
O presidente da Eletrobras, José Antônio Muniz Lopes, disse nesta quarta-feira que, por meio de suas subsidiárias, entrará na disputa pelas três novas usinas hidrelétricas cujas concessões serão oferecidas aos investidores no leilão do dia 30 de julho.
Segundo ele, nos três casos, a Eletrobras vai se associar a empresas privadas. No caso da usina de Colíder (300 megawatts), em Mato Grosso, a Eletronorte e Furnas estarão juntas em um consórcio que terá ainda empresas privadas. Para disputar a concessão da hidrelétrica de Ferreira Gomes (252 MW), no Amapá, a subsidiária escolhida é a Eletronorte, que integrará consórcios com empresas privadas.
Já no leilão do projeto da usina de Garibaldi (177,9 MW), em Santa Catarina, quem formará um consórcio com empresas privadas é a Eletrosul. Muniz chegou no final da tarde à sede do Ministério de Minas e Energia, onde participará de reunião da diretoria da Eletrobras com o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.
— Será uma reunião de rotina — definiu Muniz.
O executivo informou ainda que os sócios do projeto da usina de Belo Monte aprovaram hoje a criação da empresa que vai tocar a obra e devem protocolar a criação da Norte Energia Sociedade Anônima na Junta Comercial de Brasília até amanhã.
Agência Estado
Link de Origem
As concessões serão leiloadas em 30 de julho
O presidente da Eletrobras, José Antônio Muniz Lopes, disse nesta quarta-feira que, por meio de suas subsidiárias, entrará na disputa pelas três novas usinas hidrelétricas cujas concessões serão oferecidas aos investidores no leilão do dia 30 de julho.
Segundo ele, nos três casos, a Eletrobras vai se associar a empresas privadas. No caso da usina de Colíder (300 megawatts), em Mato Grosso, a Eletronorte e Furnas estarão juntas em um consórcio que terá ainda empresas privadas. Para disputar a concessão da hidrelétrica de Ferreira Gomes (252 MW), no Amapá, a subsidiária escolhida é a Eletronorte, que integrará consórcios com empresas privadas.
Já no leilão do projeto da usina de Garibaldi (177,9 MW), em Santa Catarina, quem formará um consórcio com empresas privadas é a Eletrosul. Muniz chegou no final da tarde à sede do Ministério de Minas e Energia, onde participará de reunião da diretoria da Eletrobras com o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.
— Será uma reunião de rotina — definiu Muniz.
O executivo informou ainda que os sócios do projeto da usina de Belo Monte aprovaram hoje a criação da empresa que vai tocar a obra e devem protocolar a criação da Norte Energia Sociedade Anônima na Junta Comercial de Brasília até amanhã.
Agência Estado
Link de Origem
A revolução ecológica de Cuba recebe o Nobel Verde
EcoNoticias
Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti
O pesquisador cubano Humberto Rios foi agraciado com o galardão ambiental Goldman 2010, considerado o Nobel Verde, pelo desenvolvimento da agricultura ecológica em seu país. Já são 55 mil agricultores e 100 cientistas os que se dedicam à implementação e exploração sustentável das terras agrícolas em Cuba. Esse doutor em Ciências Agrícolas pôs a produzir terras abandonadas, e viu como as colheitas se multiplicaram por três, o que tem trazido soberania e sustento aos produtores, terminando aos poucos com a sua dependência do exterior.
Esse pesquisador do Instituto Nacional de Ciências Agrícolas (INCA), de Havana, criou o Programa de Inovação Agropecuária Local (PIAL), e um movimento participativo de agricultura auto-sustentável com métodos racionais de cultivo. Ele implementou uma estratégia que combina o talento e a experiência de cientistas e produtores agrícolas para um manejo sustentável dos solos.
Ele colocou à disposição dos camponeses toda a diversidade genética de sementes preservadas em instituições científicas, propiciando que aqueles criassem suas próprias redes experimentais, sendo que conseguiram resultados notavelmente superiores em seus rendimentos, sem o uso de agroquímicos.
O agraciado afirma que não foi tão difícil convencer os agricultores para colocar em prática esse projeto. “Fui para o campo e comecei a falar com os produtores. Quando lhes expliquei que haviam entre 100 e 200 variedades de feijão, não podiam acreditar. Semeei todas as variedades, uma ao lado da outra, e lhes coloquei um número de ordem para que eles as selecionassem atendendo a seus verdadeiros interesses, não aos nomes. Quando constataram a grande diversidade de cultivos, inclusive com características que tinham sido perdidas durante anos, e o alto rendimento sem aplicação de agrotóxicos, quase choraram. A partir desse momento, se apropriaram da iniciativa.
Foram os próprios camponeses que se encarregaram de aplicar todo o processo, de semear em suas parcelas de terra as variedades dos grãos e de estendê-las ao resto da comunidade. O resto foi uma reação em cadeia.
Rios defende uma nova organização agrícola, menos centralizada e mais desburocratizada, que implica em mudanças na comercialização dos produtores e aumento dos incentivos aos produtores e consumidores, através da eliminação de tabus impostos de cima, que durante anos tem travado o auge da produção agropecuária cubana.
Humberto Rios, de 47 anos de idade, também é compositor e o primeiro cubano a receber o Premio Goldman. Na cerimônia de entrega, em Washington, encontrava-se o presidente Obama, a quem presenteou um disco com sua música.
O Prêmio Ambiental Goldman foi criado em 1990 pelos líderes cívicos e filantrópicos Richard N. Goldman e sua esposa, Rhoda H. Goldman. Até hoje, ele foi recebido por 139 pessoas de 79 países, selecionadas a partir de indicações remetidas por uma rede mundial de organizações e indivíduos ecologistas.
Fonte: http://noticias-ambientales-internacionales.blogspot.com/2010/06/cuba-recibe-el-nobel-verde.html
Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti
O pesquisador cubano Humberto Rios foi agraciado com o galardão ambiental Goldman 2010, considerado o Nobel Verde, pelo desenvolvimento da agricultura ecológica em seu país. Já são 55 mil agricultores e 100 cientistas os que se dedicam à implementação e exploração sustentável das terras agrícolas em Cuba. Esse doutor em Ciências Agrícolas pôs a produzir terras abandonadas, e viu como as colheitas se multiplicaram por três, o que tem trazido soberania e sustento aos produtores, terminando aos poucos com a sua dependência do exterior.
Esse pesquisador do Instituto Nacional de Ciências Agrícolas (INCA), de Havana, criou o Programa de Inovação Agropecuária Local (PIAL), e um movimento participativo de agricultura auto-sustentável com métodos racionais de cultivo. Ele implementou uma estratégia que combina o talento e a experiência de cientistas e produtores agrícolas para um manejo sustentável dos solos.
Ele colocou à disposição dos camponeses toda a diversidade genética de sementes preservadas em instituições científicas, propiciando que aqueles criassem suas próprias redes experimentais, sendo que conseguiram resultados notavelmente superiores em seus rendimentos, sem o uso de agroquímicos.
O agraciado afirma que não foi tão difícil convencer os agricultores para colocar em prática esse projeto. “Fui para o campo e comecei a falar com os produtores. Quando lhes expliquei que haviam entre 100 e 200 variedades de feijão, não podiam acreditar. Semeei todas as variedades, uma ao lado da outra, e lhes coloquei um número de ordem para que eles as selecionassem atendendo a seus verdadeiros interesses, não aos nomes. Quando constataram a grande diversidade de cultivos, inclusive com características que tinham sido perdidas durante anos, e o alto rendimento sem aplicação de agrotóxicos, quase choraram. A partir desse momento, se apropriaram da iniciativa.
Foram os próprios camponeses que se encarregaram de aplicar todo o processo, de semear em suas parcelas de terra as variedades dos grãos e de estendê-las ao resto da comunidade. O resto foi uma reação em cadeia.
Rios defende uma nova organização agrícola, menos centralizada e mais desburocratizada, que implica em mudanças na comercialização dos produtores e aumento dos incentivos aos produtores e consumidores, através da eliminação de tabus impostos de cima, que durante anos tem travado o auge da produção agropecuária cubana.
Humberto Rios, de 47 anos de idade, também é compositor e o primeiro cubano a receber o Premio Goldman. Na cerimônia de entrega, em Washington, encontrava-se o presidente Obama, a quem presenteou um disco com sua música.
O Prêmio Ambiental Goldman foi criado em 1990 pelos líderes cívicos e filantrópicos Richard N. Goldman e sua esposa, Rhoda H. Goldman. Até hoje, ele foi recebido por 139 pessoas de 79 países, selecionadas a partir de indicações remetidas por uma rede mundial de organizações e indivíduos ecologistas.
Fonte: http://noticias-ambientales-internacionales.blogspot.com/2010/06/cuba-recibe-el-nobel-verde.html
Michael Lowy declara apoio a Plínio de Arruda Sampaio
E impossivel a quem conhece Plinio de Arruda Sampaio deixar de admirar sua integridade moral, sua coerência politica, sua sensibilidade humana. Desde a resistência contra a ditadura até o combate pela reforma agraria, Plinio sempre estêve na primeira linha das lutas emancipatorias do povo brasileiro. Socialista cristâo, seu compromisso com a causa da libertaçâo dos pobres e sua oposiçâo intransigente à ordem capitalista estabelecida - responsavel pela perversa desigualdade social e pelo assustador desastre ecologico – o distingue radicalmente de todos os outros candidatos. Plinio nâo é apenas o candidado do PSOL, Partido do Socialismo e da Liberdade, mas de milhôes de brasileiros que acreditam que a educaçâo, a saude e o meio ambiente devem ter a preferência, e nâo os lucros do bancos e do agro-negocio.
Michael Löwy
Formado en Ciencias Sociais pela Universidade de S.Paulo. Diretor des Pesquisas emérito do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique), Paris.
Um dos principais intelectuais do Ecossocialismo.
Michael Löwy
Formado en Ciencias Sociais pela Universidade de S.Paulo. Diretor des Pesquisas emérito do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique), Paris.
Um dos principais intelectuais do Ecossocialismo.
Vídeo Índio Brasil 2010 em Porto Alegre – 31 de julho a 7 de agosto
Com entrada franca, filmes vencedores de premiações nacionais e internacionais, com temática indígena
Serão exibidos simultaneamente em Porto Alegre e mais cem cidades do Brasil
O VIB 2010 em Porto Alegre vai apresentar uma programação com diferentes filmes, longas e curtas-metragens nas categorias documentário, ficção e animação, compondo uma diversidade de produções realizadas por índios e não índios que mostram, por meio do audiovisual, a diversidade das culturas indígenas de todo o país.
Na programação do festival, por exemplo, serão exibidos “Já me transformei em imagem”, de Zezinho Yube, e “Duas aldeias, uma caminhada”, de Ariel Ortega, Jorge Morinico e Germano Benites, ambas produções do Vídeo nas Aldeias. O primeiro filme conta com a participação do povo Hunikui (Kaxinawá), do Acre, e relata a importância do registro audiovisual para a perpetuação da história desta coletividade – do tempo do contato, o cativeiro nos seringais até o trabalho atual com o vídeo; “Duas aldeias, uma caminhada”, apresenta o cotidiano de duas comunidades guarani na região sul do Brasil, em Porto Alegre e São Miguel das Missões, cujas áreas diminutas tornam-se inadequadas ao modo de ser e estar no mundo dos Mbyá-Guarani.
Além da exibição dos filmes, o festival contará com a exposição fotográfica “Estar Alegre”, de Danilo Christidis e Vherá Poty Benites da Silva, no Santander Cultural, e debates sobre as questões indígenas e conteúdo das produções exibidas.
Em Porto Alegre, o festival será realizado na Sala de Cinema do Sindicato dos Bancários (Rua General Câmara, 424); Auditório da Faculdade de Arquitetura da UFRGS (Avenida Sarmento Leite, 320); Galeria de Arte do DMAE (somente dia 06/08, às 12h30m, Rua 24 de Outubro, 200); e na Sala Oeste do Santander Cultural (Rua Sete de Setembro, 1028).
Confiram programação em anexo.
Sinopses disponíveis em: http://www.videoind iobrasil. org.br/sinopses
Serão exibidos simultaneamente em Porto Alegre e mais cem cidades do Brasil
O VIB 2010 em Porto Alegre vai apresentar uma programação com diferentes filmes, longas e curtas-metragens nas categorias documentário, ficção e animação, compondo uma diversidade de produções realizadas por índios e não índios que mostram, por meio do audiovisual, a diversidade das culturas indígenas de todo o país.
Na programação do festival, por exemplo, serão exibidos “Já me transformei em imagem”, de Zezinho Yube, e “Duas aldeias, uma caminhada”, de Ariel Ortega, Jorge Morinico e Germano Benites, ambas produções do Vídeo nas Aldeias. O primeiro filme conta com a participação do povo Hunikui (Kaxinawá), do Acre, e relata a importância do registro audiovisual para a perpetuação da história desta coletividade – do tempo do contato, o cativeiro nos seringais até o trabalho atual com o vídeo; “Duas aldeias, uma caminhada”, apresenta o cotidiano de duas comunidades guarani na região sul do Brasil, em Porto Alegre e São Miguel das Missões, cujas áreas diminutas tornam-se inadequadas ao modo de ser e estar no mundo dos Mbyá-Guarani.
Além da exibição dos filmes, o festival contará com a exposição fotográfica “Estar Alegre”, de Danilo Christidis e Vherá Poty Benites da Silva, no Santander Cultural, e debates sobre as questões indígenas e conteúdo das produções exibidas.
Em Porto Alegre, o festival será realizado na Sala de Cinema do Sindicato dos Bancários (Rua General Câmara, 424); Auditório da Faculdade de Arquitetura da UFRGS (Avenida Sarmento Leite, 320); Galeria de Arte do DMAE (somente dia 06/08, às 12h30m, Rua 24 de Outubro, 200); e na Sala Oeste do Santander Cultural (Rua Sete de Setembro, 1028).
Confiram programação em anexo.
Sinopses disponíveis em: http://www.videoind iobrasil. org.br/sinopses
80 ANOS DE PLÍNIO
Plínio Arruda Sampaio comemora 80 anos nesta segunda
Plínio de Arruda Sampaio completa 80 anos de vida nesta segunda-feira, 26 de julho. Seus amigos, apoiadores e companheiros do partido ao qual está filiado, o PSOL, realizaram um jantar de homenagem ao candidato no último sábado, 24, em São Paulo , que reuniu cerca de 300 pessoas no restaurante Spasso Buffet & Music, no centro da capital paulista. O dia do aniversário de Plínio guarda também o simbolismo de ser a mesma data do início da revolução cubana, com a tomada do Quartel de Moncada, em 1953, a data de nascimento de Celso Furtado (uma das referências políticas de Plínio, nascido em 1920) e do assassinato do governador paraibano João Pessoa (que resultou na deflagração da revolução de 1930).
80 anos de coerência socialista
Em 2010, Plínio também completa 60 anos de vida pública internacionalmente reconhecida pela coerência socialista. Promotor público aposentado e mestre em desenvolvimento econômico internacional pela Universidade de Cornell (EUA), Plínio já foi deputado federal por três vezes - uma delas na Constituinte de 1988 -, sub-chefe da Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo (1959-1961), secretário de Negócios Jurídicos da Prefeitura da capital paulista (1961).
Por sua firme atuação em defesa de uma verdadeira reforma agrária e dos direitos dos trabalhadores, Plínio foi um dos cem primeiros políticos cassados pelos militares e viveu doze anos no exílio. Entre 1965 e 1975, exerceu o cargo de diretor de Programas de Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO/ONU), coordenando projetos de reforma agrária em toda a América Latina e na maioria das nações caribenhas. Fundador do Partido dos Trabalhadores, foi o autor do primeiro estatuto do PT, que assegurava à militância o poder de decisão sobre os rumos da agremiação. Candidato ao Governo do Estado de São Paulo em 1990 e em 2006, Plínio tem sua trajetória de vida e militância estreitamente vinculada à esquerda católica e à defesa do direito à terra para os trabalhadores.
Em 2005, deixou o PT por não concordar com os rumos tomados pela sigla e ingressou no Partido Socialismo e Liberdade - PSOL, sendo seu candidato à Presidência da República. Atualmente é presidente licenciado da Associação Brasileira de Reforma Agrária e diretor do portal de notícias Correio da Cidadania (www.correiocidadania.com.br/). A história de Plínio Arruda Sampaio é uma história de participação em momentos decisivos da luta para a construção de uma verdadeira superação das tragédias históricas brasileiras - a segregação social e a dependência externa que amarram o desenvolvimento de nosso país - e em defesa do socialismo democrático.
Os 80 anos de Plínio
Por Gilberto Maringoni
Plínio de Arruda Sampaio completará 80 anos no próximo dia 26 de julho. Seus amigos e companheiros do PSOL preparam uma festa suprapartidária para o sábado, 24, em São Paulo. Os 80 anos deste intelectual da ação serão comemorados em meio a uma de suas mais duras batalhas. Plínio é candidato à presidência da República pelo PSOL. Pode-se concordar ou discordar das posições de Plínio. Mas não se pode ignorar a admirável trajetória desse comunista que acredita em Deus, como ele mesmo se define.
O artigo é de Gilberto Maringoni.
Gilberto Maringoni, para a Carta Maior
Plínio nasceu no exato dia em que assassinaram o presidente da Paraíba – assim eram chamados os governadores -, no processo que deflagrou o início da Revolução de 1930. Ao longo do tempo, sua vida política o aproximou dos ideais de outro 26 de julho. Esta é também a data em que um grupo de barbudos tentou tomar de assalto o quartel Moncada, em Santiago de Cuba, em 1953. O comandante da ação era um grandalhão falante, cujo nome ecoaria mundialmente pelas seis décadas seguintes, Fidel Castro Rúz.
Plínio tem uma aparência de senador romano de filmes da Metro. Testa alta, nariz proeminente e olhar seguro. A voz calma e límpida e os gestos firmes não são próprios de alguém de sua idade. Mesmo quando faz um discurso incisivo contra o agronegócio ou em defesa de uma ação mais radicalizada por parte dos setores populares, parece o mais moderado dos homens. No fundo, poderia ser definido como um radical tranqüilo. “Se não fizesse política, o câncer teria me levado”, ironizou ao se recuperar de um tumor no estômago, há quase dez anos.
Militante
“Ele é antes de tudo um militante”, sintetiza sua esposa, Marieta Ribeiro de Azevedo Sampaio, com quem está casado desde 1954, época em que se formou em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco. “Quando eu o conheci, dois anos antes, ele já era um militante e é isso até hoje”.
Ligado à Igreja, Plínio deu seus primeiros passos na política através da Juventude Universitária Católica, organização surgida a partir da Ação Católica Brasileira. Em 1959, foi nomeado subchefe da Casa Civil de Carvalho Pinto, governador do Estado. Ali coordenou o Plano de Ação, um amplo programa de planejamento e de intervenção integrada de todas as esferas do Estado no desenvolvimento. Ainda nos anos 1950, entrou para o Partido Democrata Cristão (PDC), que tinha em André Franco Montoro (1916-1999) um de seus principais líderes.
Refaçamos as contas: são 80 anos de vida e quase 60 de atividade política incessante. Plínio vem de uma família de produtores de café e fez uma trajetória raríssima. De posições inicialmente moderadas, ao longo dos anos ele percorreu um caminho que o leva cada vez mais à esquerda. “Eu vim da direita”, costuma brincar. É um exagero. Mas contam-se nos dedos os ativistas com origem familiar abastada que transitaram rumo à esquerda socialista. No Brasil, possivelmente o caso mais notável seja o de Caio Prado Jr., com quem Plínio conviveu. O ex-Secretário Geral do Partido Comunista Italiano (PCI), Enrico Berlinguer (1922-1984) é outro. Se formos aos mais notáveis, vale lembrar que Friedrich Engels (1820-1895) era filho de um industrial inglês e Fidel Castro tinha um pai latifundiário.
Eleito deputado federal em 1962, Plínio logo se tornaria relator do plano de reforma agrária do governo João Goulart (1962-1964). A antipatia dos setores mais conservadores da sociedade foi imediata.
Golpe e exílio
Não deu outra: quando foi deflagrado o golpe de 1964, Plínio estava na primeira lista de cassações, juntamente com Luiz Carlos Prestes, João Goulart, Leonel Brizola, Miguel Arraes, Darcy Ribeiro, Celso Furtado e dezenas de outros.
No exílio, ele trabalhou na FAO (órgão da ONU que trata das questões relativas à agricultura e à alimentação), em Santiago do Chile e, a partir de 1970, nos Estados Unidos. Assessorou programas de reforma agrária em quase duas dezenas de países da América Latina e da África.
O ex-deputado voltou ao Brasil antes da Anistia. Chegou em 1976 e tornou-se professor da Fundação Getulio Vargas, após ter concluído um mestrado em Economia Agrícola na Universidade Cornell.
Tomou parte nas intensas lutas sociais que marcaram o final da ditadura. Ingressou primeiro no Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e logo saiu para fundar o Partido dos Trabalhadores, em 1980, após as formidáveis greves do ABC paulista, lideradas por Luís Inácio Lula da Silva.
PT e Constituinte
Eleito deputado constituinte, em 1986, Plínio bateu-se por um projeto de reforma agrária que erradicasse o latifúndio. Com a paulatina destruição do texto constitucional, realizada por mais de 60 emendas, nos anos 1990, ele mostra um certo desencantamento com os rumos da Carta de 1988. Em palestra realizada há dois anos no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em Brasília, o ex-parlamentar foi ácido: “O breve resumo histórico das idas e vindas do processo de elaboração da Constituição Cidadã impõe a conclusão de que o texto promulgado em de 1988 foi fruto de uma ilusão. Baseava-se no falso pressuposto de que a nova ordem econômica e política neoliberal, então hegemônica em todo o mundo capitalista desenvolvido, ainda não havia fechado as portas para o prosseguimento de projetos de construção nacional nos países de sua periferia”.
Dirigente petista, membro da coordenação da campanha Lula à presidência em 1989, Plínio foi o principal formulador da política agrária do partido por muitos anos. Foi líder da agremiação na Câmara e candidato a governador pelo PT, em 1990. Tornou-se presidente da Associação Brasileira pela Reforma Agrária (ABRA) e um dos mais importantes colaboradores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Membro da corrente majoritária do PT, a Articulação, aos poucos ele se tornou um aliado da esquerda partidária.
Paulatinamente desencantado com os rumos do PT, após a eleição de Lula, em 2002, Plínio foi candidato à presidência da legenda em 2005. Sua maior contrariedade estava com a política econômica capitaneada por Antonio Palocci e Henrque Meirelles, o que entendia ser uma continuidade da orientação adotada durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
PSOL e candidatura
Em setembro daquele ano, juntamente com cerca de dois mil militantes de todo o país, ele deixa a legenda que ajudou a fundar e filia-se ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
A avaliação de Valter Pomar, membro do Diretório Nacional do PT, é dura sobre o episódio: “Foi um erro político imperdoável. Em 2005, a esquerda ganhou o primeiro turno na disputa pela presidência nacional do PT. Perdemos no segundo turno, entre outros motivos, porque ele e seu grupo saíram do partido".
Ivan Valente, deputado federal pelo PSOL-SP e ex-dirigente petista tem outra opinião: “A construção do PT representou um marco histórico de consciência e organização da classe trabalhadora brasileira. Mas é necessário reconhecer que o pragmatismo da chegada a todo custo ao poder desvirtuou seu programa, seus princípios e seus compromissos mais profundos com a transformação social”.
Em 2006, Plínio sai novamente candidato ao governo de São Paulo. “Tivemos quase 450 mil votos com um orçamento de cerca de R$ 20 mil reais. Os publicitários calculam, em campanha, que um voto custa, em média, de R$ 10 a R$ 15. Multiplicados pelo número de sufrágios, temos esses dispêndios milionários em campanhas. Pois gastamos cerca de R$ 0,04 por voto. Um fenômeno!”, diz ele.
Os 80 anos deste intelectual da ação serão comemorados em meio a uma de suas mais duras batalhas. Plínio é candidato à presidência da República pelo PSOL. Tem viajado incansavelmente. Sabe que o principal perigo para o Brasil e para o continente é a candidatura de José Serra, que reúne a maior parte da direita brasileira, de golpistas a neoliberais. Mas busca se diferenciar também da campanha de Dilma Rousseff, criticando especialmente a política monetária do Banco Central e a não efetivação da reforma agrária, no ritmo que julga necessário.
A festa dos 80 anos de Plínio será realizada no próximo sábado (24 de julho), num jantar-festa no restaurante Spasso Buffet & Music, a partir das 21h. O endereço é Avenida Rio Branco, 82, República (centro de São Paulo). Os convites custam R$ 20.
Sempre que perguntado quais os melhores anos de sua longa trajetória, Plínio repete um bordão: “São aqueles que ainda vou viver”.
Para Ivan Valente, “Plínio é uma figura histórica da luta democrática, da resistência à ditadura e da construção de uma alternativa de esquerda para o nosso país. Sua trajetória é um exemplo para os que lutam por igualdade e justiça social”.
Pode-se concordar ou discordar das posições de Plínio. Mas não se pode ignorar a admirável trajetória desse comunista que acredita em Deus, como ele mesmo se define.
* Reproduzido de www.cartamaior.com.br
Plínio de Arruda Sampaio completa 80 anos de vida nesta segunda-feira, 26 de julho. Seus amigos, apoiadores e companheiros do partido ao qual está filiado, o PSOL, realizaram um jantar de homenagem ao candidato no último sábado, 24, em São Paulo , que reuniu cerca de 300 pessoas no restaurante Spasso Buffet & Music, no centro da capital paulista. O dia do aniversário de Plínio guarda também o simbolismo de ser a mesma data do início da revolução cubana, com a tomada do Quartel de Moncada, em 1953, a data de nascimento de Celso Furtado (uma das referências políticas de Plínio, nascido em 1920) e do assassinato do governador paraibano João Pessoa (que resultou na deflagração da revolução de 1930).
80 anos de coerência socialista
Em 2010, Plínio também completa 60 anos de vida pública internacionalmente reconhecida pela coerência socialista. Promotor público aposentado e mestre em desenvolvimento econômico internacional pela Universidade de Cornell (EUA), Plínio já foi deputado federal por três vezes - uma delas na Constituinte de 1988 -, sub-chefe da Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo (1959-1961), secretário de Negócios Jurídicos da Prefeitura da capital paulista (1961).
Por sua firme atuação em defesa de uma verdadeira reforma agrária e dos direitos dos trabalhadores, Plínio foi um dos cem primeiros políticos cassados pelos militares e viveu doze anos no exílio. Entre 1965 e 1975, exerceu o cargo de diretor de Programas de Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO/ONU), coordenando projetos de reforma agrária em toda a América Latina e na maioria das nações caribenhas. Fundador do Partido dos Trabalhadores, foi o autor do primeiro estatuto do PT, que assegurava à militância o poder de decisão sobre os rumos da agremiação. Candidato ao Governo do Estado de São Paulo em 1990 e em 2006, Plínio tem sua trajetória de vida e militância estreitamente vinculada à esquerda católica e à defesa do direito à terra para os trabalhadores.
Em 2005, deixou o PT por não concordar com os rumos tomados pela sigla e ingressou no Partido Socialismo e Liberdade - PSOL, sendo seu candidato à Presidência da República. Atualmente é presidente licenciado da Associação Brasileira de Reforma Agrária e diretor do portal de notícias Correio da Cidadania (www.correiocidadania.com.br/). A história de Plínio Arruda Sampaio é uma história de participação em momentos decisivos da luta para a construção de uma verdadeira superação das tragédias históricas brasileiras - a segregação social e a dependência externa que amarram o desenvolvimento de nosso país - e em defesa do socialismo democrático.
Os 80 anos de Plínio
Por Gilberto Maringoni
Plínio de Arruda Sampaio completará 80 anos no próximo dia 26 de julho. Seus amigos e companheiros do PSOL preparam uma festa suprapartidária para o sábado, 24, em São Paulo. Os 80 anos deste intelectual da ação serão comemorados em meio a uma de suas mais duras batalhas. Plínio é candidato à presidência da República pelo PSOL. Pode-se concordar ou discordar das posições de Plínio. Mas não se pode ignorar a admirável trajetória desse comunista que acredita em Deus, como ele mesmo se define.
O artigo é de Gilberto Maringoni.
Gilberto Maringoni, para a Carta Maior
Plínio nasceu no exato dia em que assassinaram o presidente da Paraíba – assim eram chamados os governadores -, no processo que deflagrou o início da Revolução de 1930. Ao longo do tempo, sua vida política o aproximou dos ideais de outro 26 de julho. Esta é também a data em que um grupo de barbudos tentou tomar de assalto o quartel Moncada, em Santiago de Cuba, em 1953. O comandante da ação era um grandalhão falante, cujo nome ecoaria mundialmente pelas seis décadas seguintes, Fidel Castro Rúz.
Plínio tem uma aparência de senador romano de filmes da Metro. Testa alta, nariz proeminente e olhar seguro. A voz calma e límpida e os gestos firmes não são próprios de alguém de sua idade. Mesmo quando faz um discurso incisivo contra o agronegócio ou em defesa de uma ação mais radicalizada por parte dos setores populares, parece o mais moderado dos homens. No fundo, poderia ser definido como um radical tranqüilo. “Se não fizesse política, o câncer teria me levado”, ironizou ao se recuperar de um tumor no estômago, há quase dez anos.
Militante
“Ele é antes de tudo um militante”, sintetiza sua esposa, Marieta Ribeiro de Azevedo Sampaio, com quem está casado desde 1954, época em que se formou em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco. “Quando eu o conheci, dois anos antes, ele já era um militante e é isso até hoje”.
Ligado à Igreja, Plínio deu seus primeiros passos na política através da Juventude Universitária Católica, organização surgida a partir da Ação Católica Brasileira. Em 1959, foi nomeado subchefe da Casa Civil de Carvalho Pinto, governador do Estado. Ali coordenou o Plano de Ação, um amplo programa de planejamento e de intervenção integrada de todas as esferas do Estado no desenvolvimento. Ainda nos anos 1950, entrou para o Partido Democrata Cristão (PDC), que tinha em André Franco Montoro (1916-1999) um de seus principais líderes.
Refaçamos as contas: são 80 anos de vida e quase 60 de atividade política incessante. Plínio vem de uma família de produtores de café e fez uma trajetória raríssima. De posições inicialmente moderadas, ao longo dos anos ele percorreu um caminho que o leva cada vez mais à esquerda. “Eu vim da direita”, costuma brincar. É um exagero. Mas contam-se nos dedos os ativistas com origem familiar abastada que transitaram rumo à esquerda socialista. No Brasil, possivelmente o caso mais notável seja o de Caio Prado Jr., com quem Plínio conviveu. O ex-Secretário Geral do Partido Comunista Italiano (PCI), Enrico Berlinguer (1922-1984) é outro. Se formos aos mais notáveis, vale lembrar que Friedrich Engels (1820-1895) era filho de um industrial inglês e Fidel Castro tinha um pai latifundiário.
Eleito deputado federal em 1962, Plínio logo se tornaria relator do plano de reforma agrária do governo João Goulart (1962-1964). A antipatia dos setores mais conservadores da sociedade foi imediata.
Golpe e exílio
Não deu outra: quando foi deflagrado o golpe de 1964, Plínio estava na primeira lista de cassações, juntamente com Luiz Carlos Prestes, João Goulart, Leonel Brizola, Miguel Arraes, Darcy Ribeiro, Celso Furtado e dezenas de outros.
No exílio, ele trabalhou na FAO (órgão da ONU que trata das questões relativas à agricultura e à alimentação), em Santiago do Chile e, a partir de 1970, nos Estados Unidos. Assessorou programas de reforma agrária em quase duas dezenas de países da América Latina e da África.
O ex-deputado voltou ao Brasil antes da Anistia. Chegou em 1976 e tornou-se professor da Fundação Getulio Vargas, após ter concluído um mestrado em Economia Agrícola na Universidade Cornell.
Tomou parte nas intensas lutas sociais que marcaram o final da ditadura. Ingressou primeiro no Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e logo saiu para fundar o Partido dos Trabalhadores, em 1980, após as formidáveis greves do ABC paulista, lideradas por Luís Inácio Lula da Silva.
PT e Constituinte
Eleito deputado constituinte, em 1986, Plínio bateu-se por um projeto de reforma agrária que erradicasse o latifúndio. Com a paulatina destruição do texto constitucional, realizada por mais de 60 emendas, nos anos 1990, ele mostra um certo desencantamento com os rumos da Carta de 1988. Em palestra realizada há dois anos no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em Brasília, o ex-parlamentar foi ácido: “O breve resumo histórico das idas e vindas do processo de elaboração da Constituição Cidadã impõe a conclusão de que o texto promulgado em de 1988 foi fruto de uma ilusão. Baseava-se no falso pressuposto de que a nova ordem econômica e política neoliberal, então hegemônica em todo o mundo capitalista desenvolvido, ainda não havia fechado as portas para o prosseguimento de projetos de construção nacional nos países de sua periferia”.
Dirigente petista, membro da coordenação da campanha Lula à presidência em 1989, Plínio foi o principal formulador da política agrária do partido por muitos anos. Foi líder da agremiação na Câmara e candidato a governador pelo PT, em 1990. Tornou-se presidente da Associação Brasileira pela Reforma Agrária (ABRA) e um dos mais importantes colaboradores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Membro da corrente majoritária do PT, a Articulação, aos poucos ele se tornou um aliado da esquerda partidária.
Paulatinamente desencantado com os rumos do PT, após a eleição de Lula, em 2002, Plínio foi candidato à presidência da legenda em 2005. Sua maior contrariedade estava com a política econômica capitaneada por Antonio Palocci e Henrque Meirelles, o que entendia ser uma continuidade da orientação adotada durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
PSOL e candidatura
Em setembro daquele ano, juntamente com cerca de dois mil militantes de todo o país, ele deixa a legenda que ajudou a fundar e filia-se ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
A avaliação de Valter Pomar, membro do Diretório Nacional do PT, é dura sobre o episódio: “Foi um erro político imperdoável. Em 2005, a esquerda ganhou o primeiro turno na disputa pela presidência nacional do PT. Perdemos no segundo turno, entre outros motivos, porque ele e seu grupo saíram do partido".
Ivan Valente, deputado federal pelo PSOL-SP e ex-dirigente petista tem outra opinião: “A construção do PT representou um marco histórico de consciência e organização da classe trabalhadora brasileira. Mas é necessário reconhecer que o pragmatismo da chegada a todo custo ao poder desvirtuou seu programa, seus princípios e seus compromissos mais profundos com a transformação social”.
Em 2006, Plínio sai novamente candidato ao governo de São Paulo. “Tivemos quase 450 mil votos com um orçamento de cerca de R$ 20 mil reais. Os publicitários calculam, em campanha, que um voto custa, em média, de R$ 10 a R$ 15. Multiplicados pelo número de sufrágios, temos esses dispêndios milionários em campanhas. Pois gastamos cerca de R$ 0,04 por voto. Um fenômeno!”, diz ele.
Os 80 anos deste intelectual da ação serão comemorados em meio a uma de suas mais duras batalhas. Plínio é candidato à presidência da República pelo PSOL. Tem viajado incansavelmente. Sabe que o principal perigo para o Brasil e para o continente é a candidatura de José Serra, que reúne a maior parte da direita brasileira, de golpistas a neoliberais. Mas busca se diferenciar também da campanha de Dilma Rousseff, criticando especialmente a política monetária do Banco Central e a não efetivação da reforma agrária, no ritmo que julga necessário.
A festa dos 80 anos de Plínio será realizada no próximo sábado (24 de julho), num jantar-festa no restaurante Spasso Buffet & Music, a partir das 21h. O endereço é Avenida Rio Branco, 82, República (centro de São Paulo). Os convites custam R$ 20.
Sempre que perguntado quais os melhores anos de sua longa trajetória, Plínio repete um bordão: “São aqueles que ainda vou viver”.
Para Ivan Valente, “Plínio é uma figura histórica da luta democrática, da resistência à ditadura e da construção de uma alternativa de esquerda para o nosso país. Sua trajetória é um exemplo para os que lutam por igualdade e justiça social”.
Pode-se concordar ou discordar das posições de Plínio. Mas não se pode ignorar a admirável trajetória desse comunista que acredita em Deus, como ele mesmo se define.
* Reproduzido de www.cartamaior.com.br
domingo, 25 de julho de 2010
Índios fazem cerca de 100 reféns em usina no Mato Grosso
25/07/2010 - 16h35
MÁRIO SÉRGIO LIMA
DE BRASÍLIA
ELIDA OLIVEIRA
DE SÃO PAULO
Atualizado às 17h10.
Um grupo de 300 a 400 indígenas de 11 etnias invadiu na manhã deste domingo a usina hidrelétrica de Dardanelos, no Rio Aripuanã (383 km de Cuiabá), Mato Grosso, fazendo reféns por volta de cem funcionários. Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), a ocupação foi feita de forma tranquila e não há feridos.
Com os corpos pintados e empunhando arcos e flechas, os índios fecharam a usina às 5 horas e impediram a saída dos funcionários que trabalham na construção da represa, que deverá ser concluída neste ano. Os funcionários estão confinados nos alojamentos.
De acordo com o chefe do núcleo de apoio local de Juína (729 km de Cuiabá) da Funai, Antônio Carlos Ferreira de Aquino, os índios contestam procedimentos que eles julgam equivocados no licenciamento ambiental da usina.
"Não foram considerados aspectos da situação dos índios. A empresa dinamitou a parte de um sítio arqueológico. A construção está fora da área [dos índios], mas sobre um sítio arqueológico que foi cemitério indígena e tem valor inestimável para eles", diz.
Apesar disso, ele avalia que há formas de minimizar os danos. "Os índios estão abertos a negociações sobre compensações financeiras" , afirma.
AMEAÇAS
O líder da etnia rikbaktsa e representante dos 11 grupos presentes na invasão, Jair Tsaidatase, avisou que vai pedir indenização à empresa pelos danos causados às tribos e à natureza, mas não soube mencionar a quantia pretendida. Para ele, bastam estudos ambientais para definir o que se perdeu e para estabelecer as compensações ambientais.
Segundo Jair, não há previsão de saída da usina. Eles cobram a presença de representantes da usina, da Funai, da Secretaria do Meio Ambiente de Mato Grosso e do Ministério Público.
Ele diz que o grupo permanecerá na área até que se chegue a um acordo. "Se não negociarmos, vamos colocar fogo em tudo", afirmou.
A reportagem tentou contato com a Águas de Pedra --responsável pela obra--, mas não teve retorno.
EXIGÊNCIAS
Os índios exigem a presença de representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso, do Ministério de Minas e Energia, da Funai de Brasília, do Ministério Público, do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e da empresa Águas da Pedra para uma reunião.
Também segundo Aquino, eles não abrem mão do encontro e não devem liberar os reféns antes da reunião, que deve ocorrer até o meio-dia de amanhã. A polícia local está de sobreaviso, segundo o representante local da Funai.
PAC
A usina hidrelétrica de Dardanelos está entre as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) .
Segundo a Águas da Pedra, vai gerar 261 megawatts, energia suficiente para 600 mil habitantes por dia. A hidrelétrica binacional de Itaipu (PR) tem potência de 14 mil megawatts e a de Belo Monte, 11.233.
O Ministério Público de Mato Grosso já entrou com diversas ações civis públicas questionando o licenciamento ambiental da obra.
Geral | 25/07/2010 | 18h03min
300 índios de oito etnias diferentes ocupam a entrada do canteiro de obras de Hidrelétrica
Segundo coordenador da Funai, indígenas reivindicam reparação pela área, considerada um cemitério sagrado
Cerca de 300 índios de oito etnias diferentes estão ocupando a entrada do canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Dardanelos, na cidade Aripuanã, no Mato Grosso. De acordo com o coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Juína (MT), Antônio Carlos Ferreira Aquino, cerca de 100 trabalhadores que vivem dentro da área estão mantidos reféns.
Segundo Aquino, os índios reivindicam ações de reparação, porque a hidrelétrica está sendo construída em cima de um cemitério sagrado para eles.
— Eles não querem dinheiro em mãos. O que eles querem é um programa de sustentabilidade da área que venha a ressarcir a perda que eles tiveram com esse sítio arqueológico — afirma o coordenador da Funai.
De acordo com o coordenador, não há violência no local, que está ocupado desde as 5h deste domingo. Mas o gerente de meio ambiente da Companhia Águas da Pedra, responsável pela usina, Paulo Rogério Novaes, diz ter receio pelos trabalhadores que estão presos dentro da área.
— Eles disseram que se em dois dias não aparecerem autoridades para resolver o problema, eles irão colocar fogo em todo o canteiro de obras — alega Novaes.
Na versão dele, o que os índios reivindicam são condições sociais melhores, como acesso à educação, à saúde, melhoria das estradas de acesso às aldeias e a inclusão deles no programa Luz para Todos.
— São problemas que o Estado tem que resolver, mas eles acham que são responsabilidades da usina — afirma o gerente da Águas da Pedra.
Segundo Novaes, a hidrelétrica não funcionará com represas e seu impacto ambiental é baixo. Com isso, os índios não seriam atingidos diretamente pela obra, uma vez que a aldeia mais próxima fica a 42 quilômetros de distância.
— Mas nós temos um programa de ações mitigadoras que trata de medidas de apoio social. Só que esse programa foi entregue à Funai em 2005 e até hoje nós não obtivemos resposta. Nós queremos fazer alguma coisa, mas estamos esperando para saber o que e como — alega Novaes.
A conclusão das obras da Usina de Dardanelos está prevista para até o fim deste ano. A expectativa tanto do coordenador da Funai quanto do gerente da Águas da Pedra é que autoridades do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Ministério de Minas e Energia e da Funai, em Brasília, cheguem à região no norte de Mato Grosso nesta segunda-feira.
AGÊNCIA BRASIL
MÁRIO SÉRGIO LIMA
DE BRASÍLIA
ELIDA OLIVEIRA
DE SÃO PAULO
Atualizado às 17h10.
Um grupo de 300 a 400 indígenas de 11 etnias invadiu na manhã deste domingo a usina hidrelétrica de Dardanelos, no Rio Aripuanã (383 km de Cuiabá), Mato Grosso, fazendo reféns por volta de cem funcionários. Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), a ocupação foi feita de forma tranquila e não há feridos.
Com os corpos pintados e empunhando arcos e flechas, os índios fecharam a usina às 5 horas e impediram a saída dos funcionários que trabalham na construção da represa, que deverá ser concluída neste ano. Os funcionários estão confinados nos alojamentos.
De acordo com o chefe do núcleo de apoio local de Juína (729 km de Cuiabá) da Funai, Antônio Carlos Ferreira de Aquino, os índios contestam procedimentos que eles julgam equivocados no licenciamento ambiental da usina.
"Não foram considerados aspectos da situação dos índios. A empresa dinamitou a parte de um sítio arqueológico. A construção está fora da área [dos índios], mas sobre um sítio arqueológico que foi cemitério indígena e tem valor inestimável para eles", diz.
Apesar disso, ele avalia que há formas de minimizar os danos. "Os índios estão abertos a negociações sobre compensações financeiras" , afirma.
AMEAÇAS
O líder da etnia rikbaktsa e representante dos 11 grupos presentes na invasão, Jair Tsaidatase, avisou que vai pedir indenização à empresa pelos danos causados às tribos e à natureza, mas não soube mencionar a quantia pretendida. Para ele, bastam estudos ambientais para definir o que se perdeu e para estabelecer as compensações ambientais.
Segundo Jair, não há previsão de saída da usina. Eles cobram a presença de representantes da usina, da Funai, da Secretaria do Meio Ambiente de Mato Grosso e do Ministério Público.
Ele diz que o grupo permanecerá na área até que se chegue a um acordo. "Se não negociarmos, vamos colocar fogo em tudo", afirmou.
A reportagem tentou contato com a Águas de Pedra --responsável pela obra--, mas não teve retorno.
EXIGÊNCIAS
Os índios exigem a presença de representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso, do Ministério de Minas e Energia, da Funai de Brasília, do Ministério Público, do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e da empresa Águas da Pedra para uma reunião.
Também segundo Aquino, eles não abrem mão do encontro e não devem liberar os reféns antes da reunião, que deve ocorrer até o meio-dia de amanhã. A polícia local está de sobreaviso, segundo o representante local da Funai.
PAC
A usina hidrelétrica de Dardanelos está entre as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) .
Segundo a Águas da Pedra, vai gerar 261 megawatts, energia suficiente para 600 mil habitantes por dia. A hidrelétrica binacional de Itaipu (PR) tem potência de 14 mil megawatts e a de Belo Monte, 11.233.
O Ministério Público de Mato Grosso já entrou com diversas ações civis públicas questionando o licenciamento ambiental da obra.
Geral | 25/07/2010 | 18h03min
300 índios de oito etnias diferentes ocupam a entrada do canteiro de obras de Hidrelétrica
Segundo coordenador da Funai, indígenas reivindicam reparação pela área, considerada um cemitério sagrado
Cerca de 300 índios de oito etnias diferentes estão ocupando a entrada do canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Dardanelos, na cidade Aripuanã, no Mato Grosso. De acordo com o coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Juína (MT), Antônio Carlos Ferreira Aquino, cerca de 100 trabalhadores que vivem dentro da área estão mantidos reféns.
Segundo Aquino, os índios reivindicam ações de reparação, porque a hidrelétrica está sendo construída em cima de um cemitério sagrado para eles.
— Eles não querem dinheiro em mãos. O que eles querem é um programa de sustentabilidade da área que venha a ressarcir a perda que eles tiveram com esse sítio arqueológico — afirma o coordenador da Funai.
De acordo com o coordenador, não há violência no local, que está ocupado desde as 5h deste domingo. Mas o gerente de meio ambiente da Companhia Águas da Pedra, responsável pela usina, Paulo Rogério Novaes, diz ter receio pelos trabalhadores que estão presos dentro da área.
— Eles disseram que se em dois dias não aparecerem autoridades para resolver o problema, eles irão colocar fogo em todo o canteiro de obras — alega Novaes.
Na versão dele, o que os índios reivindicam são condições sociais melhores, como acesso à educação, à saúde, melhoria das estradas de acesso às aldeias e a inclusão deles no programa Luz para Todos.
— São problemas que o Estado tem que resolver, mas eles acham que são responsabilidades da usina — afirma o gerente da Águas da Pedra.
Segundo Novaes, a hidrelétrica não funcionará com represas e seu impacto ambiental é baixo. Com isso, os índios não seriam atingidos diretamente pela obra, uma vez que a aldeia mais próxima fica a 42 quilômetros de distância.
— Mas nós temos um programa de ações mitigadoras que trata de medidas de apoio social. Só que esse programa foi entregue à Funai em 2005 e até hoje nós não obtivemos resposta. Nós queremos fazer alguma coisa, mas estamos esperando para saber o que e como — alega Novaes.
A conclusão das obras da Usina de Dardanelos está prevista para até o fim deste ano. A expectativa tanto do coordenador da Funai quanto do gerente da Águas da Pedra é que autoridades do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Ministério de Minas e Energia e da Funai, em Brasília, cheguem à região no norte de Mato Grosso nesta segunda-feira.
AGÊNCIA BRASIL
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Sementes crioulas contribuem com conservação da agrobiodiversidade
Sementes crioulas contribuem com conservação da agrobiodiversidade: Pesquisadores nacionais e internacionais durante os debates no Seminário Internacional Sementes Crioulas
Ao longo de dois dias (15 e 16 de julho de 2010), a conservação e a multiplicação das sementes crioulas foram os temas centrais das palestras e dos debates realizados na Embrapa Clima Temperado, durante o Seminário Internacional Sementes Crioulas – O hoje e o amanhã.
"As sementes crioulas representam uma alternativa válida tanto para agricultores quanto para populações urbanas, pois resultam de um longo processo de adaptação ao ambiente das propriedades e, consequentemente, são ricas em variabilidade nutricional e funcional e podem favorecer muito o consumidor atual", destacou o pesquisador da Embrapa Clima Temperado e coordenador do evento, Irajá Ferreira Antunes.
"As sementes são a vida do campo e fazem parte do cotidiano dos agricultores. As práticas populares de manutenção e de melhoramento de espécies são legados deixados de pais para filhos e que vão sendo disseminadas pelo homem do campo de geração em geração", disse o agricultor, guardião de sementes e representante da Associação Biodinâmica do Sul (ABD Sul), Juarez Filipi Pereira.
Juarez destacou ainda que existe um momento em que não se diferencia mais o ser humano do ambiente, dos alimentos, do trabalho, do solo e de outros aspectos, pois tudo passa a se tornar um único organismo, que trabalha em sinergia em prol da vida. "As sementes são esperança de vida. Eu as vivo. Se eu, por exemplo, corto uma moranga que é grande, bonita e saborosa, naturalmente conservo as sementes, com amor e dedicação. Existe um critério de julgamento, um saber valioso, envolvido no processo de seleção das sementes que serão conservadas" , enfatizou o agricultor de Barra do Ribeiro.
O trabalho de um guardião de sementes envolve diversas etapas, entre elas: escolha das melhores plantas, preparo das sementes e do solo, tratos culturais, colheita, secagem e armazenamento. "Todas essas etapas exigem dedicação e amor às sementes", enfatizou Juarez.
A pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, Rosa Lia Barbieri, destaca a relevância do papel dos guardiões de sementes. Durante, o evento ela ciceroneou os palestrantes do Nepal, Abishkar Subedi e Rachana Devkota e da Índia, Saujanendra Swain, que conheceram os trabalhos desenvolvidos pela Unidade. Os estrangeiros estão envolvidos com o Programa de Manejo Comunitário de Biodiversidade (CBM), do qual a Unidade faz parte. "Essa troca de experiências com os visitantes enriquece os trabalhos de pesquisa", disse ela.
O representante da Li-Bird, do Nepal, explica que algumas ferramentas de sensibilização participativa são realizadas desde 2003, através do CBM, junto aos agricultores do país, com o objetivo de proporcionar debates sobre a importância da agrobiodiversidade e incentivar trocas de experiências e de sementes crioulas.
"Validamos a metodologia de registro comunitário da biodiversidade, através de narrativas do avô para a neta que mesmo ainda criança, vai registrando e descrevendo a história evolutiva de determinada semente. Implantamos bancos comunitários de sementes, garantindo acesso seguro às sementes dentro da comunidade. Além disso, todas as sementes são conservadas de maneira tradicional, de acordo com o conhecimento da comunidade", explicou Abishkar. Segundo ele, dados revelam que essa iniciativa proporcionou às famílias consideradas pobres um maior acesso às sementes.
O representante da M. S. Swaminathan Research Foundation (MSSRF), da Índia, disse que em seu país as casas dos agricultores estão muito próximas uma das outras. "Temos uma cultura de tribos, com nove grupos étnicos importantes e que estão interessados em contribuir com a conservação das sementes crioulas, pois seu cultivo é voltado para a subsistência, assim cada agricultor é considerado um guardião de semente", explicou.
Ele disse que a Índia realizou uma iniciativa mundial pioneira quando criou, em 2005, o primeiro órgão público voltado exclusivamente para a proteção de variedades crioulas e direito dos agricultores. "Em nosso país, cada comunidade detém um banco de sementes. O agricultor entrega sementes selecionadas de sua variedade para o banco, eles registram a variedade em seu nome e a conservam por um ou dois anos. É feita a multiplicação dessas sementes e parte delas fica armazenada a longo prazo no banco de sementes nacional", explicou Saujanendra.
CONSEQUÊNCIAS DA REDUÇÃO DA DIVERSIDADE GENÉTICA
O professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rubens Nodari falou sobre as possíveis consequências da redução da diversidade genética, através da perda das variedades crioulas.
Para o meio rural, ele se referiu ao aumento significativo da vulnerabilidade dos agricultores, diminuição da capacidade de enfrentar os problemas oriundos pelas mudanças climáticas, geração dos serviços ambientais, redução da possibilidade de inovação, perda de autonomia sobre as sementes e diminuição do acesso a outros produtos que não sejam alimentos.
"Esses riscos também se estenderiam aos moradores das cidades, que poderiam enfrentar problemas relacionados à redução de acesso aos alimentos tradicionais, simplificação da dieta e maior fragilidade frente ao mercado, favorecendo o aumento de preços em função da redução da oferta de determinados tipos de alimentos", explicou.
Nodari disse ainda que a pressão pela seleção de cultivares que proporcionassem aumento no rendimento das lavouras, não levou em conta aspectos nutricionais. Houve uma redução na quantidade de vários nutrientes em algumas variedades, chegando até 70% no teor de cálcio (Ca) em variedades melhoradas de brócolis.
"Assim, acredito que em dentro de um breve espaço de tempo, as variedades crioulas poderão proporcionar o material genético para recuperar esses aspectos que antes foram desprezados em função da pressão econômica sobre o resultado das lavouras", explicou.
PARA SABER MAIS
Clique aqui e baixe o livro Kit Diversidade – Estratégias para Segurança Alimentar e Valorização das Sementes Locais elaborado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural e Santa Catarina (Epagri) e Universidade Federal de Santa Catarina (2,3 Mb - arquivo PDF).
FONTE
Embrapa Clima Temperado
Christiane Rodrigues Congro - Jornalista
Telefone: (53) 3275-8113
José Maria Gusman Ferraz
Universidad de Ingieneros agronomos y de Montes
Córdoba - Spaña
Ao longo de dois dias (15 e 16 de julho de 2010), a conservação e a multiplicação das sementes crioulas foram os temas centrais das palestras e dos debates realizados na Embrapa Clima Temperado, durante o Seminário Internacional Sementes Crioulas – O hoje e o amanhã.
"As sementes crioulas representam uma alternativa válida tanto para agricultores quanto para populações urbanas, pois resultam de um longo processo de adaptação ao ambiente das propriedades e, consequentemente, são ricas em variabilidade nutricional e funcional e podem favorecer muito o consumidor atual", destacou o pesquisador da Embrapa Clima Temperado e coordenador do evento, Irajá Ferreira Antunes.
"As sementes são a vida do campo e fazem parte do cotidiano dos agricultores. As práticas populares de manutenção e de melhoramento de espécies são legados deixados de pais para filhos e que vão sendo disseminadas pelo homem do campo de geração em geração", disse o agricultor, guardião de sementes e representante da Associação Biodinâmica do Sul (ABD Sul), Juarez Filipi Pereira.
Juarez destacou ainda que existe um momento em que não se diferencia mais o ser humano do ambiente, dos alimentos, do trabalho, do solo e de outros aspectos, pois tudo passa a se tornar um único organismo, que trabalha em sinergia em prol da vida. "As sementes são esperança de vida. Eu as vivo. Se eu, por exemplo, corto uma moranga que é grande, bonita e saborosa, naturalmente conservo as sementes, com amor e dedicação. Existe um critério de julgamento, um saber valioso, envolvido no processo de seleção das sementes que serão conservadas" , enfatizou o agricultor de Barra do Ribeiro.
O trabalho de um guardião de sementes envolve diversas etapas, entre elas: escolha das melhores plantas, preparo das sementes e do solo, tratos culturais, colheita, secagem e armazenamento. "Todas essas etapas exigem dedicação e amor às sementes", enfatizou Juarez.
A pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, Rosa Lia Barbieri, destaca a relevância do papel dos guardiões de sementes. Durante, o evento ela ciceroneou os palestrantes do Nepal, Abishkar Subedi e Rachana Devkota e da Índia, Saujanendra Swain, que conheceram os trabalhos desenvolvidos pela Unidade. Os estrangeiros estão envolvidos com o Programa de Manejo Comunitário de Biodiversidade (CBM), do qual a Unidade faz parte. "Essa troca de experiências com os visitantes enriquece os trabalhos de pesquisa", disse ela.
O representante da Li-Bird, do Nepal, explica que algumas ferramentas de sensibilização participativa são realizadas desde 2003, através do CBM, junto aos agricultores do país, com o objetivo de proporcionar debates sobre a importância da agrobiodiversidade e incentivar trocas de experiências e de sementes crioulas.
"Validamos a metodologia de registro comunitário da biodiversidade, através de narrativas do avô para a neta que mesmo ainda criança, vai registrando e descrevendo a história evolutiva de determinada semente. Implantamos bancos comunitários de sementes, garantindo acesso seguro às sementes dentro da comunidade. Além disso, todas as sementes são conservadas de maneira tradicional, de acordo com o conhecimento da comunidade", explicou Abishkar. Segundo ele, dados revelam que essa iniciativa proporcionou às famílias consideradas pobres um maior acesso às sementes.
O representante da M. S. Swaminathan Research Foundation (MSSRF), da Índia, disse que em seu país as casas dos agricultores estão muito próximas uma das outras. "Temos uma cultura de tribos, com nove grupos étnicos importantes e que estão interessados em contribuir com a conservação das sementes crioulas, pois seu cultivo é voltado para a subsistência, assim cada agricultor é considerado um guardião de semente", explicou.
Ele disse que a Índia realizou uma iniciativa mundial pioneira quando criou, em 2005, o primeiro órgão público voltado exclusivamente para a proteção de variedades crioulas e direito dos agricultores. "Em nosso país, cada comunidade detém um banco de sementes. O agricultor entrega sementes selecionadas de sua variedade para o banco, eles registram a variedade em seu nome e a conservam por um ou dois anos. É feita a multiplicação dessas sementes e parte delas fica armazenada a longo prazo no banco de sementes nacional", explicou Saujanendra.
CONSEQUÊNCIAS DA REDUÇÃO DA DIVERSIDADE GENÉTICA
O professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rubens Nodari falou sobre as possíveis consequências da redução da diversidade genética, através da perda das variedades crioulas.
Para o meio rural, ele se referiu ao aumento significativo da vulnerabilidade dos agricultores, diminuição da capacidade de enfrentar os problemas oriundos pelas mudanças climáticas, geração dos serviços ambientais, redução da possibilidade de inovação, perda de autonomia sobre as sementes e diminuição do acesso a outros produtos que não sejam alimentos.
"Esses riscos também se estenderiam aos moradores das cidades, que poderiam enfrentar problemas relacionados à redução de acesso aos alimentos tradicionais, simplificação da dieta e maior fragilidade frente ao mercado, favorecendo o aumento de preços em função da redução da oferta de determinados tipos de alimentos", explicou.
Nodari disse ainda que a pressão pela seleção de cultivares que proporcionassem aumento no rendimento das lavouras, não levou em conta aspectos nutricionais. Houve uma redução na quantidade de vários nutrientes em algumas variedades, chegando até 70% no teor de cálcio (Ca) em variedades melhoradas de brócolis.
"Assim, acredito que em dentro de um breve espaço de tempo, as variedades crioulas poderão proporcionar o material genético para recuperar esses aspectos que antes foram desprezados em função da pressão econômica sobre o resultado das lavouras", explicou.
PARA SABER MAIS
Clique aqui e baixe o livro Kit Diversidade – Estratégias para Segurança Alimentar e Valorização das Sementes Locais elaborado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural e Santa Catarina (Epagri) e Universidade Federal de Santa Catarina (2,3 Mb - arquivo PDF).
FONTE
Embrapa Clima Temperado
Christiane Rodrigues Congro - Jornalista
Telefone: (53) 3275-8113
José Maria Gusman Ferraz
Universidad de Ingieneros agronomos y de Montes
Córdoba - Spaña
Adeus à Bacia Hidrográfica do rio Uruguai - Megahidrelétrica confirmada
Hidrelétrica confirmada para Alecrim
Denominada de Hidrelétrica Panambi, a obra vai gerar um lago de 280 km²
O prefeito de Alecrim, Nerci Ames (PMDB), recentemente eleito presidente da Associação dos Municípios do Grande Santa Rosa, fez o anúncio ontem pela manhã no programa Noroeste Repórter, apresentado por Zelindo Cancian. A entrevista foi concedida direto de Brasília, por telefone, onde ele lidera a região na Marcha dos Prefeitos.
Ammes apresentou dados preliminares obtidos durante audiência mantida no início da noite de quarta-feira, com o ministro Márcio Zimmermann, de Minas e Energia. “O ministro confirmou que a barragem será construída no interior de Alecrim, se chamará Panambi e terá capacidade de gerar 1.000 megawatts”, antecipou. A nova usina hidrelétrica deverá fazer surgir na região um lago de aproximadamente 280 quilômetros quadrados. Serão investidos no projeto cerca de 2 bilhões de dólares. A localização tem como referência o Lajeado Guabiroba.
Em seu relato, Ames informou que a próxima etapa será a realização do estudo que irá apurar o impacto ambiental da obra. “A barragem deve ter sua construção iniciada dentro dos próximos 18 meses”, acrescentou. Na audiência os prefeitos foram informados que a altura da barragem será de 130 metros acima do nível do mar. Isso significa, já que o rio Uruguai em Alecrim está a 90 metros acima do nível do mar, que o grande lago a ser formado atingirá em alguns pontos até 40 metros de altura. A área a ser alagada atingirá boa parte da cidade de Porto Mauá, por exemplo, que terá que ser removida. Para servir de referência, toda a área do município de Santa Rosa é de aproximadamente 490 km².
O ministro Márcio Zimmmermann informou que antes a barragem era construída e só depois vinham as obras complementares. “Agora o processo é inverso. Primeiro são executadas as chamadas obras complementares como acessos e vários aspectos que atendam as áreas de saúde, educação e outras”, repassou Ames. O Ministério de Minas e Energia prevê a ocupação direta de 10 mil postos de trabalho na construção da barragem. A cidade de Porto Vera Cruz possivelmente também será alagada.
A Eletrobrás prevê que 6.049 pessoas serão atingidas pelo lago da barragem e todas terão que ser removidas em vários municípios. Questionamentos passam a ser levantados por empreendedores urbanos e rurais, que só serão respondidos com exatidão na palestra a ser marcada para breve com técnicos do Ministério de Minas e Energia, já confirmada para Santa Rosa e mobilizando uma platéia das microrregiões Fronteira Noroeste, Celeiro e Missões.
Denominada de Hidrelétrica Panambi, a obra vai gerar um lago de 280 km²
O prefeito de Alecrim, Nerci Ames (PMDB), recentemente eleito presidente da Associação dos Municípios do Grande Santa Rosa, fez o anúncio ontem pela manhã no programa Noroeste Repórter, apresentado por Zelindo Cancian. A entrevista foi concedida direto de Brasília, por telefone, onde ele lidera a região na Marcha dos Prefeitos.
Ammes apresentou dados preliminares obtidos durante audiência mantida no início da noite de quarta-feira, com o ministro Márcio Zimmermann, de Minas e Energia. “O ministro confirmou que a barragem será construída no interior de Alecrim, se chamará Panambi e terá capacidade de gerar 1.000 megawatts”, antecipou. A nova usina hidrelétrica deverá fazer surgir na região um lago de aproximadamente 280 quilômetros quadrados. Serão investidos no projeto cerca de 2 bilhões de dólares. A localização tem como referência o Lajeado Guabiroba.
Em seu relato, Ames informou que a próxima etapa será a realização do estudo que irá apurar o impacto ambiental da obra. “A barragem deve ter sua construção iniciada dentro dos próximos 18 meses”, acrescentou. Na audiência os prefeitos foram informados que a altura da barragem será de 130 metros acima do nível do mar. Isso significa, já que o rio Uruguai em Alecrim está a 90 metros acima do nível do mar, que o grande lago a ser formado atingirá em alguns pontos até 40 metros de altura. A área a ser alagada atingirá boa parte da cidade de Porto Mauá, por exemplo, que terá que ser removida. Para servir de referência, toda a área do município de Santa Rosa é de aproximadamente 490 km².
O ministro Márcio Zimmmermann informou que antes a barragem era construída e só depois vinham as obras complementares. “Agora o processo é inverso. Primeiro são executadas as chamadas obras complementares como acessos e vários aspectos que atendam as áreas de saúde, educação e outras”, repassou Ames. O Ministério de Minas e Energia prevê a ocupação direta de 10 mil postos de trabalho na construção da barragem. A cidade de Porto Vera Cruz possivelmente também será alagada.
A Eletrobrás prevê que 6.049 pessoas serão atingidas pelo lago da barragem e todas terão que ser removidas em vários municípios. Questionamentos passam a ser levantados por empreendedores urbanos e rurais, que só serão respondidos com exatidão na palestra a ser marcada para breve com técnicos do Ministério de Minas e Energia, já confirmada para Santa Rosa e mobilizando uma platéia das microrregiões Fronteira Noroeste, Celeiro e Missões.
Dia do Amigo por Althen Teixeira Filho
Candidato à Presidência promete fazer reforma agrária
20 de julho de 2010
Carolina Pimentel
Da Agência Brasil
O candidato à Presidência da República pelo P-SOL, Plínio Sampaio, disse hoje (20) que pretende combater a desigualdade social no país por meio da reforma agrária.
A proposta de Plínio Sampaio é acabar com fazendas superiores a mil hectares. “Nenhuma propriedade com mais de mil hectares. Todas elas devem ser divididas e entregues à população que não tem terra neste país”, afirmou o presidenciável, que distribuiu panfletos para eleitores no final da tarde na rodoviária do Plano Piloto, no centro da capital federal.
Para Plínio Sampaio, com a distribuição de terra para os trabalhadores, a produção agrícola aumentará e isso vai significar “mais comida na mesa do povo brasileiro”.
O candidato afirmou ser contrário à construção de estádios milionários para a Copa do Mundo de Futebol de 2014, que será realizada no Brasil. Segundo ele, o país já dispõe de estádios, rede hoteleira e aeroportos suficientes para sediar o mundial.
“Não é necessário fazer um tremendo de um elefante branco, de um estádio fantástico, que depois ficará vazio e não cuidar da nossa gente. Isso é uma chantagem de grupos estrangeiros e não devemos aceitar”, disse Plínio Sampaio, que fez a panfletagem acompanhado de Toninho do P-SOL, candidato do partido ao governo do Distrito Federal.
Fonte: www.mst.org.br
Carolina Pimentel
Da Agência Brasil
O candidato à Presidência da República pelo P-SOL, Plínio Sampaio, disse hoje (20) que pretende combater a desigualdade social no país por meio da reforma agrária.
A proposta de Plínio Sampaio é acabar com fazendas superiores a mil hectares. “Nenhuma propriedade com mais de mil hectares. Todas elas devem ser divididas e entregues à população que não tem terra neste país”, afirmou o presidenciável, que distribuiu panfletos para eleitores no final da tarde na rodoviária do Plano Piloto, no centro da capital federal.
Para Plínio Sampaio, com a distribuição de terra para os trabalhadores, a produção agrícola aumentará e isso vai significar “mais comida na mesa do povo brasileiro”.
O candidato afirmou ser contrário à construção de estádios milionários para a Copa do Mundo de Futebol de 2014, que será realizada no Brasil. Segundo ele, o país já dispõe de estádios, rede hoteleira e aeroportos suficientes para sediar o mundial.
“Não é necessário fazer um tremendo de um elefante branco, de um estádio fantástico, que depois ficará vazio e não cuidar da nossa gente. Isso é uma chantagem de grupos estrangeiros e não devemos aceitar”, disse Plínio Sampaio, que fez a panfletagem acompanhado de Toninho do P-SOL, candidato do partido ao governo do Distrito Federal.
Fonte: www.mst.org.br
Aliança público-privada conservadora relança ‘questão agrária’
Escrito por Guilherme C. Delgado
17-Jul-2010
A recente discussão e posterior aprovação (modificada) do Relatório Aldo Rebelo na Comissão Especial da Câmara Federal, que se propõe modificar o Código Florestal, evidenciou alianças e pactos políticos inesperados ao grande público – latifundiários do agronegócio e comunistas do PC do B defendendo as mesmas idéias sobre expansão agrícola, meio ambiente e direito de propriedade.
Ante a perplexidade que tal aliança pode suscitar, é preciso ir mais a fundo nesta questão, permeada de mitos e meias verdades, que de quando em vez vem a lume. O mito fica aqui representado pela tese implícita do Relatório Rebelo, que me desonero de comentá-la: haveria uma espécie de conspiração de ONGs ambientalistas a serviço dos competidores brasileiros no mercado internacional de ‘commodities’
A aliança do PC do B com a CNA (Confederação Nacional da Agricultura) , da senadora Kátia Abreu, propõe-se, na verdade, a reverter de vez o princípio de que a terra e os recursos naturais integrantes dos seus biomas são bens sociais, sujeitos a uma função social e ambiental. Estes critérios são previstos na Constituição Federal e regulamentados por algumas leis (Lei Agrária, em especial para a Reforma Agrária, e leis ambientais, dentre as quais o Código Florestal para o dispositivo do Art. 184 – CF que trata da ‘preservação ambiental e utilização adequada de recursos naturais’).
O que se quer pôr no lugar desse princípio é a tese esdrúxula de que a ‘terra é uma mercadoria como outra qualquer’; e de que as florestas não são bem público, ou ‘bem social’, na acepção constitucional, mas sim ‘matéria-prima florestal’, sujeita a regulamentações, mas em essência um bem privado a ser utilizado segundo as conveniências da expansão dos mercados internacionalizados .
Essa reengenharia ideológica encontra nos ruralistas aplausos incondicionais por razões mais ou menos óbvias. Mas o curioso é o conjunto de apoios, que de maneira tácita ou implícita obtém a tese da ‘mercadorização’ dos recursos naturais – o Poder Executivo, praticamente inteiro, amplos setores da autodenominada ‘base aliada’ e vários segmentos do capital monopolista, integrantes do autodenominado agronegócio. A exceção dessa regra ficou por conta dos ambientalistas de vários partidos, dos defensores da Reforma Agrária e da segurança alimentar e, afortunadamente, desta vez, dos vários setores da opinião pública urbana, devidamente informados pela grande mídia.
Não vou entrar em detalhes do Relatório Rebelo, que já passou por várias modificações e que, ao que tudo indica, não será votado em Plenário neste governo, possivelmente por razões eleitorais. Mas as teses nele contidas, à parte sua visão conspirativa da história, continuarão a tramitar no Parlamento e no Executivo deste e do próximo governo, porque são partes e peças de um verdadeiro pacto de economia política, estranho às eleições e mais estranho ainda às regras constitucionais. Este pacto, vigente desde o segundo governo FHC, empresta o maior destaque à acumulação de capital na agricultura, vinculada à expansão das exportações primárias.
É sobre esta estratégia público-privada, que envolve grande capital agroindustrial, grande propriedade fundiária e o Estado brasileiro, que devemos nos preocupar. Na sua esteira vem ocorrendo coisa muito ruim para a sociedade brasileira e para o meio ambiente: MPs legalizando a grilagem de terras (MP 458/2008), revisão conservadora da Lei Agrária (Projeto de Lei do Senado n. 202/2005, que retira do Executivo a atualização do índices de produtividade da Lei Agrária) e, finalmente, agora, a tentativa de revisão das partes permissivas ao controle social do atual Código Florestal.
A convicção que se vai formando lentamente no Brasil urbano é a de que a questão fundiária e ambiental, originalmente lida como essencialmente rural, é hoje problema crucial para toda a nação. Cada vez mais cresce a percepção de que enchentes e inundações freqüentes em todo o Brasil não são obras do acaso. Muito disto se deve a matas ciliares degradadas, desmatamento ilegal, espaços urbanos desequilibrados de cobertura verde, sistemas hídricos danificados pelo lixo e outras tantas formas de degradação ambiental, que em certo sentido refletem uma cultura de socialização das perdas e privatização dos lucros naquilo que se refere à apropriação dos recursos naturais.
Felizmente a revisão do Código Florestal não tem passado incólume ao crivo da opinião pública, graças em certo sentido ao papel informativo que a mídia cumpriu neste caso. Mas isto também reflete a percepção dos riscos das crises ecológicas sobre a vida urbana, uma dimensão nova da ‘Questão agrária no início do século 21’.
Guilherme Costa Delgado é doutor em Economia pela UNICAMP e consultor da Comissão Brasileira de Justiça e Paz.
http://www.correioc idadania. com.br/content/ view/4845/ 9/
17-Jul-2010
A recente discussão e posterior aprovação (modificada) do Relatório Aldo Rebelo na Comissão Especial da Câmara Federal, que se propõe modificar o Código Florestal, evidenciou alianças e pactos políticos inesperados ao grande público – latifundiários do agronegócio e comunistas do PC do B defendendo as mesmas idéias sobre expansão agrícola, meio ambiente e direito de propriedade.
Ante a perplexidade que tal aliança pode suscitar, é preciso ir mais a fundo nesta questão, permeada de mitos e meias verdades, que de quando em vez vem a lume. O mito fica aqui representado pela tese implícita do Relatório Rebelo, que me desonero de comentá-la: haveria uma espécie de conspiração de ONGs ambientalistas a serviço dos competidores brasileiros no mercado internacional de ‘commodities’
A aliança do PC do B com a CNA (Confederação Nacional da Agricultura) , da senadora Kátia Abreu, propõe-se, na verdade, a reverter de vez o princípio de que a terra e os recursos naturais integrantes dos seus biomas são bens sociais, sujeitos a uma função social e ambiental. Estes critérios são previstos na Constituição Federal e regulamentados por algumas leis (Lei Agrária, em especial para a Reforma Agrária, e leis ambientais, dentre as quais o Código Florestal para o dispositivo do Art. 184 – CF que trata da ‘preservação ambiental e utilização adequada de recursos naturais’).
O que se quer pôr no lugar desse princípio é a tese esdrúxula de que a ‘terra é uma mercadoria como outra qualquer’; e de que as florestas não são bem público, ou ‘bem social’, na acepção constitucional, mas sim ‘matéria-prima florestal’, sujeita a regulamentações, mas em essência um bem privado a ser utilizado segundo as conveniências da expansão dos mercados internacionalizados .
Essa reengenharia ideológica encontra nos ruralistas aplausos incondicionais por razões mais ou menos óbvias. Mas o curioso é o conjunto de apoios, que de maneira tácita ou implícita obtém a tese da ‘mercadorização’ dos recursos naturais – o Poder Executivo, praticamente inteiro, amplos setores da autodenominada ‘base aliada’ e vários segmentos do capital monopolista, integrantes do autodenominado agronegócio. A exceção dessa regra ficou por conta dos ambientalistas de vários partidos, dos defensores da Reforma Agrária e da segurança alimentar e, afortunadamente, desta vez, dos vários setores da opinião pública urbana, devidamente informados pela grande mídia.
Não vou entrar em detalhes do Relatório Rebelo, que já passou por várias modificações e que, ao que tudo indica, não será votado em Plenário neste governo, possivelmente por razões eleitorais. Mas as teses nele contidas, à parte sua visão conspirativa da história, continuarão a tramitar no Parlamento e no Executivo deste e do próximo governo, porque são partes e peças de um verdadeiro pacto de economia política, estranho às eleições e mais estranho ainda às regras constitucionais. Este pacto, vigente desde o segundo governo FHC, empresta o maior destaque à acumulação de capital na agricultura, vinculada à expansão das exportações primárias.
É sobre esta estratégia público-privada, que envolve grande capital agroindustrial, grande propriedade fundiária e o Estado brasileiro, que devemos nos preocupar. Na sua esteira vem ocorrendo coisa muito ruim para a sociedade brasileira e para o meio ambiente: MPs legalizando a grilagem de terras (MP 458/2008), revisão conservadora da Lei Agrária (Projeto de Lei do Senado n. 202/2005, que retira do Executivo a atualização do índices de produtividade da Lei Agrária) e, finalmente, agora, a tentativa de revisão das partes permissivas ao controle social do atual Código Florestal.
A convicção que se vai formando lentamente no Brasil urbano é a de que a questão fundiária e ambiental, originalmente lida como essencialmente rural, é hoje problema crucial para toda a nação. Cada vez mais cresce a percepção de que enchentes e inundações freqüentes em todo o Brasil não são obras do acaso. Muito disto se deve a matas ciliares degradadas, desmatamento ilegal, espaços urbanos desequilibrados de cobertura verde, sistemas hídricos danificados pelo lixo e outras tantas formas de degradação ambiental, que em certo sentido refletem uma cultura de socialização das perdas e privatização dos lucros naquilo que se refere à apropriação dos recursos naturais.
Felizmente a revisão do Código Florestal não tem passado incólume ao crivo da opinião pública, graças em certo sentido ao papel informativo que a mídia cumpriu neste caso. Mas isto também reflete a percepção dos riscos das crises ecológicas sobre a vida urbana, uma dimensão nova da ‘Questão agrária no início do século 21’.
Guilherme Costa Delgado é doutor em Economia pela UNICAMP e consultor da Comissão Brasileira de Justiça e Paz.
http://www.correioc idadania. com.br/content/ view/4845/ 9/
Site oficial da candidatura Plínio 50 está no ar
20 de julho de 2010
O novo site do candidato à Presidência da República pelo PSOL, Plínio Arruda Sampaio, já está no ar. A página oficial da campanha na internet traz informações sobre a agenda do candidato, notícias sobre as atividades de campanha, clipping diário, perfil do candidato e do seu vice Hamilton Assis, as diretrizes de programa de governo, além dos contatos da assessoria de imprensa e links para as redes sociais utilizadas pela candidatura.
Na nova página, os apoiadores também poderão em breve opinar sobre as propostas e o programa de Plínio para o Brasil, ter acesso a artigos dos candidatos e baixar materiais de campanha.
O site é considerado uma das principais ferramentas da campanha, por possibilitar também a divulgação mais aprofundada das propostas programáticas em vídeos que serão postados ao longo da campanha – e que serão um contraponto ao exíguo tempo de TV que o PSOL terá no horário eleitoral gratuito, a partir de 17 de agosto. A coordenação da campanha pretende usar a ferramenta como uma “suíte” do programa eleitoral na TV, desenvolvendo os temas apresentados no programa em vídeos mais longos.
O endereço eletrônico do site de Plínio é: www.plinio50.com.br.
O novo site do candidato à Presidência da República pelo PSOL, Plínio Arruda Sampaio, já está no ar. A página oficial da campanha na internet traz informações sobre a agenda do candidato, notícias sobre as atividades de campanha, clipping diário, perfil do candidato e do seu vice Hamilton Assis, as diretrizes de programa de governo, além dos contatos da assessoria de imprensa e links para as redes sociais utilizadas pela candidatura.
Na nova página, os apoiadores também poderão em breve opinar sobre as propostas e o programa de Plínio para o Brasil, ter acesso a artigos dos candidatos e baixar materiais de campanha.
O site é considerado uma das principais ferramentas da campanha, por possibilitar também a divulgação mais aprofundada das propostas programáticas em vídeos que serão postados ao longo da campanha – e que serão um contraponto ao exíguo tempo de TV que o PSOL terá no horário eleitoral gratuito, a partir de 17 de agosto. A coordenação da campanha pretende usar a ferramenta como uma “suíte” do programa eleitoral na TV, desenvolvendo os temas apresentados no programa em vídeos mais longos.
O endereço eletrônico do site de Plínio é: www.plinio50.com.br.
Gigolôs de infrator
São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2010
TENDÊNCIAS/DEBATES
ROBERTO SMERALDI
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O texto do Código Florestal aprovado em comissão da Câmara promove o que de pior se pode fazer com a lei: premiar o descumprimento
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Surpreendentemente, não é o Código Florestal que sai mais ameaçado pelo relatório aprovado na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, criada por iniciativa de deputados ruralistas. As principais ameaças são para o Estado de Direito e para a competitividade da agropecuária.
Após o alarde sobre as mazelas do Código, os parlamentares acabaram aprovando um texto que enfraquece um de seus pilares -a proteção de cursos d'água e solos vulneráveis-, mas não afeta de forma expressiva o arcabouço legal.
Claro, é paradoxal num país que contabiliza centenas de mortos e bilhões de prejuízo com aluviões, enchentes e deslizamentos. Mas não é o ponto principal. O texto promove o que de pior se pode fazer com a lei: premiar o descumprimento.
Propõe anistia de abrangência jamais concebida: não apenas perdão de todas atividades ilegais até 2008 -legitimando assim a expectativa de que isso se repita indefinidamente- mas também dispensa da recuperação dos ativos ilegalmente destruídos em imóveis até quatro módulos, ou seja, em qualquer lugar, pois um imóvel pode ser desdobrado pelo mesmo dono.
A proposta é uma afronta para os produtores rurais que trabalham dentro da lei. Há uns dias, o presidente da empresa brasileira líder mundial em celulose me questionou: "Por que nós respeitamos a reserva legal, faturamos R$ 28 bilhões por ano e distribuímos dividendos, enquanto outros seguem impunemente desmatando e até geram pouco emprego?".
A ironia é que, enquanto isso, nem sequer se realizam as atualizações do Código que seriam razoáveis, após meio século de vigência.
Exemplo mais usado no discurso ruralista é o da injustiça com culturas que utilizam parcialmente encostas, como videira, maçã e café.
Se adotados cuidados como cobertura do solo, curvas de nível, banquetas etc., elas não contribuem para degradação.
Mais ainda: podem até representar, no conjunto, uma oportunidade de valorização do ambiente, por formar arranjos produtivos articulados com turismo, águas minerais e outros serviços.
Seria bem a hora de adaptar a lei às peculiaridades da multiplicação e da complexidade dos territórios.
Mas na proposta da comissão não entrou nada que esteja baseado em diversidade, critério técnico, desempenho ou incentivo para melhores práticas.
Restrições ao desmatamento e à grilagem da terra são os principais vetores para investir na revolução tecnológica de produtividade que é necessária para atingir mais lucratividade e competitividade no segmento da produção primária.
Algumas cadeias já fazem isso com sucesso. Na pecuária, que ocupa 80% de nossa área cultivada, o desafio é especialmente urgente. A proposta aprovada na comissão desconsidera esse aspecto crucial e que se aplica, com devidas diferenças, tanto para agricultura familiar quanto para a grande fazenda.
Assim, desestimula o investimento em produtividade, que poderia se beneficiar de nossa capacidade avançada de pesquisa.
Enquanto buscam anistias em Brasília, os que se erguem a defensores da agricultura sabotam abertamente, em seus Estados, os programas de regularização que sanariam os passivos florestais sem precisar desmoralizar a lei.
Inovação, produtividade e tecnologia no campo requerem investimento, incentivo, competição leal e liderança. E até melhora no Código Florestal. É debate difícil de se fazer no grito, sem ouvir a ciência, entre ruidosos gigolôs de infrator buscando votos.
--------------------------------------------------------------------------------
ROBERTO SMERALDI, 50, jornalista, é diretor da OSCIP Amigos da Terra - Amazônia Brasileira e autor do "Novo Manual de Negócios Sustentáveis" (Publifolha, 2009).
TENDÊNCIAS/DEBATES
ROBERTO SMERALDI
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O texto do Código Florestal aprovado em comissão da Câmara promove o que de pior se pode fazer com a lei: premiar o descumprimento
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Surpreendentemente, não é o Código Florestal que sai mais ameaçado pelo relatório aprovado na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, criada por iniciativa de deputados ruralistas. As principais ameaças são para o Estado de Direito e para a competitividade da agropecuária.
Após o alarde sobre as mazelas do Código, os parlamentares acabaram aprovando um texto que enfraquece um de seus pilares -a proteção de cursos d'água e solos vulneráveis-, mas não afeta de forma expressiva o arcabouço legal.
Claro, é paradoxal num país que contabiliza centenas de mortos e bilhões de prejuízo com aluviões, enchentes e deslizamentos. Mas não é o ponto principal. O texto promove o que de pior se pode fazer com a lei: premiar o descumprimento.
Propõe anistia de abrangência jamais concebida: não apenas perdão de todas atividades ilegais até 2008 -legitimando assim a expectativa de que isso se repita indefinidamente- mas também dispensa da recuperação dos ativos ilegalmente destruídos em imóveis até quatro módulos, ou seja, em qualquer lugar, pois um imóvel pode ser desdobrado pelo mesmo dono.
A proposta é uma afronta para os produtores rurais que trabalham dentro da lei. Há uns dias, o presidente da empresa brasileira líder mundial em celulose me questionou: "Por que nós respeitamos a reserva legal, faturamos R$ 28 bilhões por ano e distribuímos dividendos, enquanto outros seguem impunemente desmatando e até geram pouco emprego?".
A ironia é que, enquanto isso, nem sequer se realizam as atualizações do Código que seriam razoáveis, após meio século de vigência.
Exemplo mais usado no discurso ruralista é o da injustiça com culturas que utilizam parcialmente encostas, como videira, maçã e café.
Se adotados cuidados como cobertura do solo, curvas de nível, banquetas etc., elas não contribuem para degradação.
Mais ainda: podem até representar, no conjunto, uma oportunidade de valorização do ambiente, por formar arranjos produtivos articulados com turismo, águas minerais e outros serviços.
Seria bem a hora de adaptar a lei às peculiaridades da multiplicação e da complexidade dos territórios.
Mas na proposta da comissão não entrou nada que esteja baseado em diversidade, critério técnico, desempenho ou incentivo para melhores práticas.
Restrições ao desmatamento e à grilagem da terra são os principais vetores para investir na revolução tecnológica de produtividade que é necessária para atingir mais lucratividade e competitividade no segmento da produção primária.
Algumas cadeias já fazem isso com sucesso. Na pecuária, que ocupa 80% de nossa área cultivada, o desafio é especialmente urgente. A proposta aprovada na comissão desconsidera esse aspecto crucial e que se aplica, com devidas diferenças, tanto para agricultura familiar quanto para a grande fazenda.
Assim, desestimula o investimento em produtividade, que poderia se beneficiar de nossa capacidade avançada de pesquisa.
Enquanto buscam anistias em Brasília, os que se erguem a defensores da agricultura sabotam abertamente, em seus Estados, os programas de regularização que sanariam os passivos florestais sem precisar desmoralizar a lei.
Inovação, produtividade e tecnologia no campo requerem investimento, incentivo, competição leal e liderança. E até melhora no Código Florestal. É debate difícil de se fazer no grito, sem ouvir a ciência, entre ruidosos gigolôs de infrator buscando votos.
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ROBERTO SMERALDI, 50, jornalista, é diretor da OSCIP Amigos da Terra - Amazônia Brasileira e autor do "Novo Manual de Negócios Sustentáveis" (Publifolha, 2009).
Emergência vira rotina
Escrito por Roberto Malvezzi (Gogó)
19-Jul-2010
A sucessão de tragédias, que antes chamávamos de emergenciais, agora vai se tornando cotidiana.
Meu irmão de música e caminhada, Magalhães, é coordenador do "Setor de Emergências" da Cáritas Brasileira. Temos um acordo comum quando nos encontramos para reuniões das pastorais sociais: pela noite só falamos de música, ou tocamos violão, ou vamos ver alguma apresentação de boa música. Foi assim que vi no Clube do Chorinho, Brasília, uma apresentação de Paulo Moura, um dos maiores saxofonistas do mundo, falecido esses dias atrás.
Acontece que Magalhães agora não tem mais sossego. Das enchentes do Maranhão para as enchentes de Santa Catarina, para o terremoto do Haiti, para as enchentes do Piauí, Maranhão e Ceará, para as enchentes de Pernambuco e Alagoas. Basta ligar a televisão e, quase rotineiramente, lá está uma campanha emergencial da "Cáritas e CNBB".
Faz alguns anos levamos para dentro da CNBB, a partir das Pastorais Sociais, o desafio assustador do Aquecimento Global. Nas Pastorais Sociais, mesmo nos movimentos sociais, parecia algo absolutamente estranho. Quantas vezes foi preciso ouvir que "a questão ambiental é um problema da classe média". Muitas vezes é preciso ter paciência mesmo com as populações com as quais trabalhamos.
No documento que elaboramos sobre a mudança climática "Aquecimento Global: profecia da Terra", já alertávamos que ele tem o dom de tornar pior tudo que já é ruim.
O aumento da temperatura gera obviamente mais calor, intensifica a evaporação das águas, provoca, em conseqüência, chuvas torrenciais, enquanto no outro extremo provoca secas, destrói a agricultura, provoca enchentes, destrói cidades, arrasa a economia das famílias, força migrações, mata pessoas.
Como prevêem os cientistas, a cada grau a mais na temperatura, o aumento desses fenômenos extremos se agrava de forma assombrosa. O cenário mais aterrador foi projetado por James Lovelock em sua modelação de computador: se a concentração de CO2 na atmosfera atingir 500 ppm (parte por milhão), a temperatura da Terra vai disparar de forma geométrica, restando ao final um planeta tórrido, com vida apenas onde hoje estão os pólos. Para ele, se a humanidade continuar com o nível de emissão atual, em quarenta anos chegará a esse patamar.
Diante de tragédias tão cotidianas, parece que apenas o governo brasileiro e a elite do agronegócio continuam "sem olhos para ver, ouvidos para ouvir, coração para sentir". A mudança no Código Florestal nos empurra ainda mais para o Aquecimento Global.
Mas, não é só ele. Continuar queimando energia fóssil, sobretudo petróleo, é também uma forma de contribuir para que as tragédias se tornem cada vez mais cotidianas. Quem vai ousar questionar o Pré-sal?
Só os loucos podem sonhar em mudar essa rota. Afinal, como já ouvi, "tem gente demais na face dessa Terra"
Roberto Malvezzi (Gogó), ex-coordenador da CPT, é agente pastoral.
http://www.correioc idadania. com.br/content/ view/4848/ 9/
19-Jul-2010
A sucessão de tragédias, que antes chamávamos de emergenciais, agora vai se tornando cotidiana.
Meu irmão de música e caminhada, Magalhães, é coordenador do "Setor de Emergências" da Cáritas Brasileira. Temos um acordo comum quando nos encontramos para reuniões das pastorais sociais: pela noite só falamos de música, ou tocamos violão, ou vamos ver alguma apresentação de boa música. Foi assim que vi no Clube do Chorinho, Brasília, uma apresentação de Paulo Moura, um dos maiores saxofonistas do mundo, falecido esses dias atrás.
Acontece que Magalhães agora não tem mais sossego. Das enchentes do Maranhão para as enchentes de Santa Catarina, para o terremoto do Haiti, para as enchentes do Piauí, Maranhão e Ceará, para as enchentes de Pernambuco e Alagoas. Basta ligar a televisão e, quase rotineiramente, lá está uma campanha emergencial da "Cáritas e CNBB".
Faz alguns anos levamos para dentro da CNBB, a partir das Pastorais Sociais, o desafio assustador do Aquecimento Global. Nas Pastorais Sociais, mesmo nos movimentos sociais, parecia algo absolutamente estranho. Quantas vezes foi preciso ouvir que "a questão ambiental é um problema da classe média". Muitas vezes é preciso ter paciência mesmo com as populações com as quais trabalhamos.
No documento que elaboramos sobre a mudança climática "Aquecimento Global: profecia da Terra", já alertávamos que ele tem o dom de tornar pior tudo que já é ruim.
O aumento da temperatura gera obviamente mais calor, intensifica a evaporação das águas, provoca, em conseqüência, chuvas torrenciais, enquanto no outro extremo provoca secas, destrói a agricultura, provoca enchentes, destrói cidades, arrasa a economia das famílias, força migrações, mata pessoas.
Como prevêem os cientistas, a cada grau a mais na temperatura, o aumento desses fenômenos extremos se agrava de forma assombrosa. O cenário mais aterrador foi projetado por James Lovelock em sua modelação de computador: se a concentração de CO2 na atmosfera atingir 500 ppm (parte por milhão), a temperatura da Terra vai disparar de forma geométrica, restando ao final um planeta tórrido, com vida apenas onde hoje estão os pólos. Para ele, se a humanidade continuar com o nível de emissão atual, em quarenta anos chegará a esse patamar.
Diante de tragédias tão cotidianas, parece que apenas o governo brasileiro e a elite do agronegócio continuam "sem olhos para ver, ouvidos para ouvir, coração para sentir". A mudança no Código Florestal nos empurra ainda mais para o Aquecimento Global.
Mas, não é só ele. Continuar queimando energia fóssil, sobretudo petróleo, é também uma forma de contribuir para que as tragédias se tornem cada vez mais cotidianas. Quem vai ousar questionar o Pré-sal?
Só os loucos podem sonhar em mudar essa rota. Afinal, como já ouvi, "tem gente demais na face dessa Terra"
Roberto Malvezzi (Gogó), ex-coordenador da CPT, é agente pastoral.
http://www.correioc idadania. com.br/content/ view/4848/ 9/
39 novas hidrelétricas até 2014
Correio do Povo, 21 de julho de 2010
Investimentos de R$ 951 bi garantem energia até 2019
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) prevê investimentos de R$ 951 bilhões entre 2010 e 2019. Os números integram o Plano Decenal de Energia. Serão investimentos destinados aos setor de petróleo e gás, para produção e transporte de etanol e biodiesel, além da geração e transmissão de energia elétrica. As energias eólica e nuclear fazem parte do planejamento estratégico, mas a longo prazo. "Estudos apontam que a partir de 2025 o país passará a ter problemas com a energia gerada por hidrelétricas, então, a alternativa poderá ser essas novas formas." Essas informações foram detalhadas ontem pelo presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, a empresários e especialistas na área durante reunião-almoço promovida pela Divisão de Infraestrutura da Federasul, quando abordou o tema: "Planejamento estratégico do setor de energia para o Brasil".
A estimativa da EPE é construir 39 novas usinas hidrelétricas, com capacidade de gerar 22,7 mil megawatts (MW), que devem entrar em operação a partir de 2014. Para o período de 2010 a 2014, a EPE já contratou energia de hidrelétricas, termelétricas e outras fontes, que somam 40,8 mil MW. Segundo Tolmasquim, a situação atual é confortável, pois os números apontam para excedente de 5,8 mil MW de energia, devido aos investimentos feitos. Isso significa que o PIB poderá crescer a uma média de 7,5% ao ano.
Investimentos de R$ 951 bi garantem energia até 2019
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) prevê investimentos de R$ 951 bilhões entre 2010 e 2019. Os números integram o Plano Decenal de Energia. Serão investimentos destinados aos setor de petróleo e gás, para produção e transporte de etanol e biodiesel, além da geração e transmissão de energia elétrica. As energias eólica e nuclear fazem parte do planejamento estratégico, mas a longo prazo. "Estudos apontam que a partir de 2025 o país passará a ter problemas com a energia gerada por hidrelétricas, então, a alternativa poderá ser essas novas formas." Essas informações foram detalhadas ontem pelo presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, a empresários e especialistas na área durante reunião-almoço promovida pela Divisão de Infraestrutura da Federasul, quando abordou o tema: "Planejamento estratégico do setor de energia para o Brasil".
A estimativa da EPE é construir 39 novas usinas hidrelétricas, com capacidade de gerar 22,7 mil megawatts (MW), que devem entrar em operação a partir de 2014. Para o período de 2010 a 2014, a EPE já contratou energia de hidrelétricas, termelétricas e outras fontes, que somam 40,8 mil MW. Segundo Tolmasquim, a situação atual é confortável, pois os números apontam para excedente de 5,8 mil MW de energia, devido aos investimentos feitos. Isso significa que o PIB poderá crescer a uma média de 7,5% ao ano.
sábado, 17 de julho de 2010
Código Florestal: mudanças para o século passado
Jornal > Juremir Machado da Silva
ANO 115 Nº 290 - PORTO ALEGRE, SÁBADO, 17 DE JULHO DE 2010
Reproduzo texto enviado à coluna: "No último dia 6 de junho, talvez muitos brasileiros não tenham percebido a ameaça de retrocesso representada pela aprovação do texto básico do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) ao projeto de lei que reforma o Código Florestal (Lei 4.771/1965). A proposta, que passou em uma comissão especial da Câmara, foi um verdadeiro ataque à coluna vertebral da legislação que protege a biodiversidade brasileira. Seus defensores alegam que a legislação não era cumprida e representava um ônus para a agricultura brasileira. Obtiveram uma vitória parcial, mas a proposta terá que passar por uma decisão do plenário, depois das eleições.
A mudança é para pior, pois elimina a necessidade de ser mantida a Reserva Legal (RL), porção da propriedade com florestas, campos e outros ecossistemas naturais, para pequena propriedade, o que será uma perda ecológica para os próprios agricultores. Também abriu espaço para a grande e a média propriedade se verem livres da RL. Aproveitou para diminuir pela metade as áreas de preservação permanente (APPs) das matas ciliares e mandou para o espaço a proteção dos topos de morro, onde se localizam as nascentes e belas paisagens naturais de cada região do país. E, de quebra, tentou jogar para estados e municípios a responsabilidade pelas licenças e pela gestão do patrimônio natural, afinal, de todos os brasileiros.
O relatório aprovado, praticamente, só levou em conta uma visão parcial do setor mais conservador da agricultura brasileira. A bancada ruralista, refratária a uma visão mais ecológica no campo e refém do imediatismo, semeou o medo nos agricultores e diabolizou as ONGs e os órgãos de meio ambiente. Mesmo que existam exageros na lei e na grita dos ambientalistas, é inconcebível que, na proposta aprovada, se tenham desconsideradas as inúmeras críticas por parte de setores importantes da agricultura familiar (Contag, Fetraf, MPA, etc.) e de pesquisadores de renome, que trabalham em universidades e centros de pesquisa.
O projeto ''esqueceu'' que a legislação já permitia o uso e o manejo sustentável da RL e algumas atividades de baixo impacto nas APPs. Na RL, pode-se cultivar e utilizar a erva-mate, espécies frutíferas e fornecedoras de castanhas e de outros produtos, típicos do país mais rico e mais cobiçado em biodiversidade do planeta. Na RL, pode-se desenvolver também a pecuária sustentável, em pastagens naturais, bem como a apicultura, a agrofloresta, o turismo rural e o ecológico. As florestas e as demais formas de vegetação nativa desempenham papel fundamental na proteção das nascentes e na recarga dos aquíferos. Sem estas, não haverá a infiltração da água da chuva e as barrancas dos rios continuarão desmoronando e alimentando as enchentes, o que agora parece ser regra, causando centenas de mortes no Brasil. As florestas e os demais ecossistemas naturais devem ser encarados muito mais como um abrigo, protetor da vida para todos, e não como um ''inimigo''. Basta saber utilizar e conservar, de maneira inteligente".
Paulo Brack - Professor do Instituto de Biociências da Ufrgs
ANO 115 Nº 290 - PORTO ALEGRE, SÁBADO, 17 DE JULHO DE 2010
Reproduzo texto enviado à coluna: "No último dia 6 de junho, talvez muitos brasileiros não tenham percebido a ameaça de retrocesso representada pela aprovação do texto básico do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) ao projeto de lei que reforma o Código Florestal (Lei 4.771/1965). A proposta, que passou em uma comissão especial da Câmara, foi um verdadeiro ataque à coluna vertebral da legislação que protege a biodiversidade brasileira. Seus defensores alegam que a legislação não era cumprida e representava um ônus para a agricultura brasileira. Obtiveram uma vitória parcial, mas a proposta terá que passar por uma decisão do plenário, depois das eleições.
A mudança é para pior, pois elimina a necessidade de ser mantida a Reserva Legal (RL), porção da propriedade com florestas, campos e outros ecossistemas naturais, para pequena propriedade, o que será uma perda ecológica para os próprios agricultores. Também abriu espaço para a grande e a média propriedade se verem livres da RL. Aproveitou para diminuir pela metade as áreas de preservação permanente (APPs) das matas ciliares e mandou para o espaço a proteção dos topos de morro, onde se localizam as nascentes e belas paisagens naturais de cada região do país. E, de quebra, tentou jogar para estados e municípios a responsabilidade pelas licenças e pela gestão do patrimônio natural, afinal, de todos os brasileiros.
O relatório aprovado, praticamente, só levou em conta uma visão parcial do setor mais conservador da agricultura brasileira. A bancada ruralista, refratária a uma visão mais ecológica no campo e refém do imediatismo, semeou o medo nos agricultores e diabolizou as ONGs e os órgãos de meio ambiente. Mesmo que existam exageros na lei e na grita dos ambientalistas, é inconcebível que, na proposta aprovada, se tenham desconsideradas as inúmeras críticas por parte de setores importantes da agricultura familiar (Contag, Fetraf, MPA, etc.) e de pesquisadores de renome, que trabalham em universidades e centros de pesquisa.
O projeto ''esqueceu'' que a legislação já permitia o uso e o manejo sustentável da RL e algumas atividades de baixo impacto nas APPs. Na RL, pode-se cultivar e utilizar a erva-mate, espécies frutíferas e fornecedoras de castanhas e de outros produtos, típicos do país mais rico e mais cobiçado em biodiversidade do planeta. Na RL, pode-se desenvolver também a pecuária sustentável, em pastagens naturais, bem como a apicultura, a agrofloresta, o turismo rural e o ecológico. As florestas e as demais formas de vegetação nativa desempenham papel fundamental na proteção das nascentes e na recarga dos aquíferos. Sem estas, não haverá a infiltração da água da chuva e as barrancas dos rios continuarão desmoronando e alimentando as enchentes, o que agora parece ser regra, causando centenas de mortes no Brasil. As florestas e os demais ecossistemas naturais devem ser encarados muito mais como um abrigo, protetor da vida para todos, e não como um ''inimigo''. Basta saber utilizar e conservar, de maneira inteligente".
Paulo Brack - Professor do Instituto de Biociências da Ufrgs
sexta-feira, 16 de julho de 2010
PAC: Ibama divulga estudos ambientais da usina Pai Querê, no RS
Rafael Bitencourt | Valor
09/07/2010 18:33
BRASÍLIA - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou hoje que foram disponibilizados os estudo de impacto ambiental da hidrelétrica Pai Querê, no rio Pelotas, na divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
A usina está no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, nos dois últimos balanços quadrimestrais, foi classificada no estado de "atenção" devido a pendências no processo de licenciamento ambiental.
De acordo com o Ibama, foi iniciado no dia 30 junho o prazo de 45 dias para que seja solicitada audiência sobre os estudos ambientais da usina Pai Querê. Concluída a fase de consulta pública, serão cumpridos os últimos trâmites para a liberação da licença prévia.
O Consócio Empresarial Pai Querê é o responsável pela elaboração das análises técnicas sobre o impacto ambiental do empreendimento. O grupo é liderado pela Votorantim, com 80,1% de participação. A composição restante é formada pelas companhias Alcoa, com 15,4%, e DME, com 4,5%.
A hidrelétrica contará com a potência instalada de 292 megawatts (MW) e está estimada em R$ 968,9 milhões. No último balanço do PAC, havia a previsão de emissão da licença prévia (LP) até o próximo dia 10 de setembro, com o início da geração de energia em 2014.
O Ibama também informou hoje que foi marcada a audiência pública para discutir estudo de impacto ambiental da linha de transmissão com capacidade de 230 kilovolts (kV), que ligará os municípios de Jardim (SE) e Penedo (AL). A audiência será realizada no próximo dia 22, a partir das 19 horas, no auditório do Teatro 7 de Setembro , na cidade de Penedo.
(Rafael Bitencourt | Valor)
Leia mais: http://www.valoronline.com.br/?online/energia/19/6370478/ibama-divulga-estudos-ambientais-da-usina-pai-quere,-no-rs#ixzz0tsCANiXl
Acesse: http://blogecossocialistas.blogspot.com/
09/07/2010 18:33
BRASÍLIA - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou hoje que foram disponibilizados os estudo de impacto ambiental da hidrelétrica Pai Querê, no rio Pelotas, na divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
A usina está no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, nos dois últimos balanços quadrimestrais, foi classificada no estado de "atenção" devido a pendências no processo de licenciamento ambiental.
De acordo com o Ibama, foi iniciado no dia 30 junho o prazo de 45 dias para que seja solicitada audiência sobre os estudos ambientais da usina Pai Querê. Concluída a fase de consulta pública, serão cumpridos os últimos trâmites para a liberação da licença prévia.
O Consócio Empresarial Pai Querê é o responsável pela elaboração das análises técnicas sobre o impacto ambiental do empreendimento. O grupo é liderado pela Votorantim, com 80,1% de participação. A composição restante é formada pelas companhias Alcoa, com 15,4%, e DME, com 4,5%.
A hidrelétrica contará com a potência instalada de 292 megawatts (MW) e está estimada em R$ 968,9 milhões. No último balanço do PAC, havia a previsão de emissão da licença prévia (LP) até o próximo dia 10 de setembro, com o início da geração de energia em 2014.
O Ibama também informou hoje que foi marcada a audiência pública para discutir estudo de impacto ambiental da linha de transmissão com capacidade de 230 kilovolts (kV), que ligará os municípios de Jardim (SE) e Penedo (AL). A audiência será realizada no próximo dia 22, a partir das 19 horas, no auditório do Teatro 7 de Setembro , na cidade de Penedo.
(Rafael Bitencourt | Valor)
Leia mais: http://www.valoronline.com.br/?online/energia/19/6370478/ibama-divulga-estudos-ambientais-da-usina-pai-quere,-no-rs#ixzz0tsCANiXl
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quinta-feira, 15 de julho de 2010
Governo 'progressistas' e conflitos sócio-ambientais
Novos conflitos, velhos atores
Raul Zibechi Tradução: Renzo Bassanetti
O continente sul-americano está sendo atravessado por uma nova geração de conflitos sociais em torno da defesa dos bens comuns diante da renovada agressividade das multinacionais da mineração, dos hidrocarbonetos e do agronegócio. Os mais diferentes movimentos, em todos os países, protagonizaram enfrentamentos com governos de distintos matizes: a resistência dos indígenas amazônicos diante do governo direitista de Alan Garcia, no Peru, que teve seu momento mais dramático no massacre de Bágua, um ano atrás, foi até agora o caso de maior repercussão.
A guerra colombiana está focalizada, como denunciaram as organizações indígenas do Cauca, justamente nas regiões onde as multinacionais esperam conseguir polpudos lucros. Nesse sentido, o Plano Colômbia é funcional para o capital num período marcado pela acumulação por expropriação.
O que mais surpreende é que em países governados por forças progressistas e de esquerda também está crescendo um potente conflito com movimentos indígenas e camponeses, que rechaçam a exploração de recursos naturais sem que sequer sejam consultados. No Brasil, está se produzindo nos últimos meses um debate sobre a construção da hidrelétrica de Belo Monte, que é rechaçada por um amplo espectro de movimentos por que inundará terras indígenas. Lula qualificou de 'gringos' aos que se opõem ao projeto, adjetivo que inclui ao MST, entre outros.
Dias atrás, Evo Morales disse: "Interesses externos apresentam reivindicações como Amazônia sem petróleo", em referência à repulsa que provocam empreendimentos desse tipo entre muitas organizações sociais. A Confederação dos Povos Indígenas da Bolívia, que congrega 34 nações da parte oriental, realizou uma caminhada a La Paz exigindo que se respeite o direito de consulta quando se pretende explorar recursos naturais em seus territórios.
A Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) realizou, no dia 25 de junho passado, manifestações contra a décima cume da ALBA em Otavalo, denunciando o falso socialismo do governo de Rafael Correa, com o qual mantém uma forte disputa pelo direito à água na raiz das concessões às empresas de mineração. Correa disse que as manifestações fazem parte das manipulações dos “gringuinhos que agora aparecem como grupinhos em ONGs".
A presidente argentina, Cristina Kirchner, reuniu-se no Canadá durante a cume do G-20 com empresários canadenses para convidá-los a investir em seus projetos de mineração e petrolíferos na Argentina. Entre aqueles, estavam membros da Barrick Gold, empresa que é combatida por uma centena de assembléias cidadãs que enfrentam as explorações de mineração nos Andes.
A lista desse tipo de conflitos pode ser bem aumentada. Contudo, nem todos podem ser observados sob a mesma ótica. É certo que existem organismos internacionais e ONGs que trabalham para desestabilizar governos críticos em relação à política de Washington. A recente denúncia de que a agência de cooperação norte-americana USAID dispõe de 100 milhões de dólares para penetrar em organizações sociais bolivianas revela a diversidade de caminhos que o Pentágono está utilizando para conseguir seus objetivos.
Torna-se exagerado incluir nesse mesmo pacote a CONAIE, o MST ou qualquer outro movimento pelo simples fato de que este rechace o modelo hegemônico. Deve ser aberto um debate em profundidade sobre os modelos de desenvolvimento e sobre o papel que cabe aos Estados e às populações na formulação dos projetos que os afetam. Não é suficiente que um Estado se declare como plurinacional ou como integrante de um socialismo do século XXI para dar a questão como resolvida. Não há um extrativismo bom e um mau, definível conforme quem esteja ocupando a cadeira presidencial. Esquivar-se desse debate significa incentivar a despolitização.
O lado dos que defendem as monoculturas, a mineração e a exploração petrolífera poderia contribuir com argumentos valiosos para evitar disparates como atribuir as críticas a interesses externos. Poderiam planejar, por exemplo, que esses empreendimentos assegurem receitas importantes às finanças estatais para que possam cumprir suas obrigações, entre as quais se destaca o pagamento mensal de salários e auxílios sociais para os mais pobres. Em segundo lugar, poderiam argumentar que um certo nível de extrativismo é um mal necessário para direcionar os excedentes de forma que permitam um salto de industrialização.
Ambos os argumentos poderiam contribuir para elevar o nível do debate, por que apontam para problemas reais e concretos que ninguém pode ignorar. Seria necessário explicar como se pode passar do modelo atual, necessariamente excludente, além de contaminante, para outro que gere distribuição de renda, porque o extrativismo é intrinsecamente concentrador de riqueza: requer muito pouca mão de obra e exporta commodities, de forma que não há trabalhadores em nenhuma das duas pontas da cadeia, nem na produção nem no consumo. Por isso, o modelo atual é inseparável das políticas sociais compensatórias, que geram dependência e passividade entre seus beneficiários.
A tentação de atacar os que se mobilizam contra o modelo e de acusá-los como inimigos é repetir um filme que já vimos antes. Sustentar que a acumulação por expropriação não pode existir desde o momento em que são os estados que se apropriam da maior parte dos excedentes, e não o capital privado, significa reeditar os debates que tantos danos fizeram ao socialismo na União Soviética. Confundir capitalismo de estado com socialismo, ou socialismo com poder 'para' o povo, é como esquecer um século de lutas revolucionárias.
Não existe um modelo de sociedade socialista, ou como se quiser denominá-la, já pronta para ser implementada. Seja como for, essa sociedade gira em torno de quem toma as decisões. O grave é acreditar que se pode construir um mundo diferente sem contar com os movimentos sociais e sem conflitos.
http://www.jornada. unam.mx/2010/ 07/02/index. php?section= opinion&article=017a1pol
Raul Zibechi Tradução: Renzo Bassanetti
O continente sul-americano está sendo atravessado por uma nova geração de conflitos sociais em torno da defesa dos bens comuns diante da renovada agressividade das multinacionais da mineração, dos hidrocarbonetos e do agronegócio. Os mais diferentes movimentos, em todos os países, protagonizaram enfrentamentos com governos de distintos matizes: a resistência dos indígenas amazônicos diante do governo direitista de Alan Garcia, no Peru, que teve seu momento mais dramático no massacre de Bágua, um ano atrás, foi até agora o caso de maior repercussão.
A guerra colombiana está focalizada, como denunciaram as organizações indígenas do Cauca, justamente nas regiões onde as multinacionais esperam conseguir polpudos lucros. Nesse sentido, o Plano Colômbia é funcional para o capital num período marcado pela acumulação por expropriação.
O que mais surpreende é que em países governados por forças progressistas e de esquerda também está crescendo um potente conflito com movimentos indígenas e camponeses, que rechaçam a exploração de recursos naturais sem que sequer sejam consultados. No Brasil, está se produzindo nos últimos meses um debate sobre a construção da hidrelétrica de Belo Monte, que é rechaçada por um amplo espectro de movimentos por que inundará terras indígenas. Lula qualificou de 'gringos' aos que se opõem ao projeto, adjetivo que inclui ao MST, entre outros.
Dias atrás, Evo Morales disse: "Interesses externos apresentam reivindicações como Amazônia sem petróleo", em referência à repulsa que provocam empreendimentos desse tipo entre muitas organizações sociais. A Confederação dos Povos Indígenas da Bolívia, que congrega 34 nações da parte oriental, realizou uma caminhada a La Paz exigindo que se respeite o direito de consulta quando se pretende explorar recursos naturais em seus territórios.
A Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) realizou, no dia 25 de junho passado, manifestações contra a décima cume da ALBA em Otavalo, denunciando o falso socialismo do governo de Rafael Correa, com o qual mantém uma forte disputa pelo direito à água na raiz das concessões às empresas de mineração. Correa disse que as manifestações fazem parte das manipulações dos “gringuinhos que agora aparecem como grupinhos em ONGs".
A presidente argentina, Cristina Kirchner, reuniu-se no Canadá durante a cume do G-20 com empresários canadenses para convidá-los a investir em seus projetos de mineração e petrolíferos na Argentina. Entre aqueles, estavam membros da Barrick Gold, empresa que é combatida por uma centena de assembléias cidadãs que enfrentam as explorações de mineração nos Andes.
A lista desse tipo de conflitos pode ser bem aumentada. Contudo, nem todos podem ser observados sob a mesma ótica. É certo que existem organismos internacionais e ONGs que trabalham para desestabilizar governos críticos em relação à política de Washington. A recente denúncia de que a agência de cooperação norte-americana USAID dispõe de 100 milhões de dólares para penetrar em organizações sociais bolivianas revela a diversidade de caminhos que o Pentágono está utilizando para conseguir seus objetivos.
Torna-se exagerado incluir nesse mesmo pacote a CONAIE, o MST ou qualquer outro movimento pelo simples fato de que este rechace o modelo hegemônico. Deve ser aberto um debate em profundidade sobre os modelos de desenvolvimento e sobre o papel que cabe aos Estados e às populações na formulação dos projetos que os afetam. Não é suficiente que um Estado se declare como plurinacional ou como integrante de um socialismo do século XXI para dar a questão como resolvida. Não há um extrativismo bom e um mau, definível conforme quem esteja ocupando a cadeira presidencial. Esquivar-se desse debate significa incentivar a despolitização.
O lado dos que defendem as monoculturas, a mineração e a exploração petrolífera poderia contribuir com argumentos valiosos para evitar disparates como atribuir as críticas a interesses externos. Poderiam planejar, por exemplo, que esses empreendimentos assegurem receitas importantes às finanças estatais para que possam cumprir suas obrigações, entre as quais se destaca o pagamento mensal de salários e auxílios sociais para os mais pobres. Em segundo lugar, poderiam argumentar que um certo nível de extrativismo é um mal necessário para direcionar os excedentes de forma que permitam um salto de industrialização.
Ambos os argumentos poderiam contribuir para elevar o nível do debate, por que apontam para problemas reais e concretos que ninguém pode ignorar. Seria necessário explicar como se pode passar do modelo atual, necessariamente excludente, além de contaminante, para outro que gere distribuição de renda, porque o extrativismo é intrinsecamente concentrador de riqueza: requer muito pouca mão de obra e exporta commodities, de forma que não há trabalhadores em nenhuma das duas pontas da cadeia, nem na produção nem no consumo. Por isso, o modelo atual é inseparável das políticas sociais compensatórias, que geram dependência e passividade entre seus beneficiários.
A tentação de atacar os que se mobilizam contra o modelo e de acusá-los como inimigos é repetir um filme que já vimos antes. Sustentar que a acumulação por expropriação não pode existir desde o momento em que são os estados que se apropriam da maior parte dos excedentes, e não o capital privado, significa reeditar os debates que tantos danos fizeram ao socialismo na União Soviética. Confundir capitalismo de estado com socialismo, ou socialismo com poder 'para' o povo, é como esquecer um século de lutas revolucionárias.
Não existe um modelo de sociedade socialista, ou como se quiser denominá-la, já pronta para ser implementada. Seja como for, essa sociedade gira em torno de quem toma as decisões. O grave é acreditar que se pode construir um mundo diferente sem contar com os movimentos sociais e sem conflitos.
http://www.jornada. unam.mx/2010/ 07/02/index. php?section= opinion&article=017a1pol
terça-feira, 13 de julho de 2010
Plínio no Fórum Amazônia Sustentável neste dia 13
Plínio no Fórum Amazônia Sustentável neste dia 13
O candidato à Presidência da República pelo PSOL, Plínio Arruda Sampaio, será o primeiro participante da série de debates sobre a Amazônia e as eleições 2010 organizada pelo Fórum Amazônia Sustentável.
Plínio participa da discussão promovida pelo Fórum no próximo dia 13 de julho (terça-feira), das 16 às 18 horas, no auditório do edifício Metropolitan Tower, em Belém (PA). O evento será transmitido ao vivo pelo site www.forumamazoniasustentavel.org.br e os internautas poderão enviar perguntas.
O Fórum Amazônia Sustentável, articulado pelo Instituto Ethos e outras 40 organizações não governamentais, pretende ouvir as propostas dos presidenciáveis sobre os destinos da Amazônia.“Será uma chance para que os eleitores saibam o que os candidatos pensam sobre a região e como pretendem conduzir a agenda amazônica, uma das questões mais complexas para o Brasil do século XXI”, diz o pesquisador Adalberto Veríssimo, membro da Comissão Executiva do Fórum. Um dos mais respeitados estudiosos da questão amazônica, Veríssimo será o moderador dos debates.
Entre as diretrizes programáticas da candidatura Plínio para a Amazônia estão: a defesa da soberania nacional e do fim da privatização das florestas; a revogação da MP 458 – que legaliza a grilagem no campo -; o apoio aos povos indígenas, ribeirinhos e das populações tradicionais, contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte; e o a apoio à demarcação, homologação, titulação e garantia de inviolabilidade dos territórios indígenas.
O candidato à Presidência da República pelo PSOL, Plínio Arruda Sampaio, será o primeiro participante da série de debates sobre a Amazônia e as eleições 2010 organizada pelo Fórum Amazônia Sustentável.
Plínio participa da discussão promovida pelo Fórum no próximo dia 13 de julho (terça-feira), das 16 às 18 horas, no auditório do edifício Metropolitan Tower, em Belém (PA). O evento será transmitido ao vivo pelo site www.forumamazoniasustentavel.org.br e os internautas poderão enviar perguntas.
O Fórum Amazônia Sustentável, articulado pelo Instituto Ethos e outras 40 organizações não governamentais, pretende ouvir as propostas dos presidenciáveis sobre os destinos da Amazônia.“Será uma chance para que os eleitores saibam o que os candidatos pensam sobre a região e como pretendem conduzir a agenda amazônica, uma das questões mais complexas para o Brasil do século XXI”, diz o pesquisador Adalberto Veríssimo, membro da Comissão Executiva do Fórum. Um dos mais respeitados estudiosos da questão amazônica, Veríssimo será o moderador dos debates.
Entre as diretrizes programáticas da candidatura Plínio para a Amazônia estão: a defesa da soberania nacional e do fim da privatização das florestas; a revogação da MP 458 – que legaliza a grilagem no campo -; o apoio aos povos indígenas, ribeirinhos e das populações tradicionais, contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte; e o a apoio à demarcação, homologação, titulação e garantia de inviolabilidade dos territórios indígenas.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Ruralistas aplaudem Aldo Rebelo na aprovação das mudanças no Código Florestal
[06/07/2010 10:24]
Para quem não acompanhou o desenrolar do caso, a cena pode parecer inusitada. Dezenas de manifestantes ligados aos grandes sindicatos rurais patronais, com camisetas pedindo "segurança a quem produz os nossos alimentos", gritavam seu nome. Ao mesmo tempo, manifestantes ligados a movimentos camponeses e da agricultura familiar, a quem ele dizia defender, o vaiavam. O centro das atenções era o deputado comunista Aldo Rebelo (PCdoB), cujo projeto para alterar o Código Florestal, uma das mais importantes leis ambientais do país, acabava de ser aprovado pela comissão especial da Câmara dos Deputados.
O placar já era esperado. Numa comissão dominada amplamente por deputados ruralistas, não foi surpresa que a proposta de Aldo tenha sido aprovada por 13 votos a 5. Todos os partidos de esquerda ou centro-esquerda votaram contra a proposta, apoiada apenas por parlamentares e partidos mais conservadores. DEM, PMDB, PP, PR, PPS e PTB votaram a favor das mudanças, enquanto PT, PSB, PSOL, PV e parte do PSDB votaram contra o projeto.
Depoimento do deputado Luiz Carlos Heinze (PP/RS), um dos expoentes da bancada ruralista, direcionado a Aldo Rebelo, confirma o reconhecimento: "Vossa excelência defende o comunismo. Eu sou de outro espectro político, defendo o capitalismo, mas tenho que reconhecer que fez um bom trabalho". O deputado Homero Pereira (PP/MT), ligado à Federação da Agricultura do Mato Grosso, foi mais longe: "Recomendo a vossa excelência que publique um livro com o seu relatório inicial.”
Na véspera foi distribuído um documento, assinado por todas as grandes organizações da agricultura camponesa – CONTAG, MST, MPA, Via Campesina, CUT –, bem como por alguns importantes intelectuais e ativistas de esquerda, como Leonardo Boff e Dom Pedro Casaldáliga, que se manifestava pela rejeição do projeto que acabou aprovado. Segundo essas organizações, “o relatório apresentado pelo deputado Aldo Rebelo contradiz com sua história de engajamento e dedicação às questões de interesse da sociedade brasileira e, ao defender um falso nacionalismo, o senhor deputado entrega as florestas brasileiras aos latifundiários e à expansão desenfreada do agronegócio”.
Para Raul Silva Telles do Valle, advogado do ISA, o projeto aprovado é um grande retrocesso. Segundo ele, o principal equívoco do documento é partir do pressuposto de que proteger os recursos naturais é contrário ao desenvolvimento do país. “Por isso, em vez de criar condições para que todos possam cumprir a lei e preservar parte de nossas florestas, ele simplesmente abre a possibilidade de que o proprietário rural possa estar de acordo com a lei mesmo que todas as margens dos rios que cortam seu imóvel estejam desmoronando e não tenha um pé de arvore nativa".
Gigante pela própria natureza
Terminada a votação, manifestantes mobilizados pelos ruralistas ensaiaram o canto do hino nacional, mas o coro enfraqueceu sem concluir a primeira parte. Bem antes de chegar ao “gigante pela própria natureza”, eles já gritavam nomes de destaque no processo de desmonte do Código Florestal. O primeiro nome aclamado com entusiasmo foi o do relator: "Aldo! Aldo Aldo!", seguido por "Micheletto! Micheletto!", presidente da comissão especial, e “Colatto! Colato!”, ex-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio.
Durante as discussões, esses também foram os protagonistas do debate. Colatto, defendendo o trabalho de Aldo, ressaltou que “meio ambiente é papel do Estado e não das pessoas individualmente”, enquanto Moreira Mendes (PPS/RO) complementava: "A recuperação ambiental é uma piada de mau gosto ao Brasil!".
Segundo Heinze, o projeto de Aldo estaria "devolvendo" aos proprietários do sul do país 16 milhões de hectares de áreas produtivas que, segundo ele, foram "surrupiadas" pela MP nº 2166, de 2001. Para o deputado, foi apenas nessa época que teria surgido a obrigação de se preservar 20% da vegetação nativa do imóvel a título de reserva legal, quando, na verdade, essa obrigação existe desde 1934, para qualquer tipo de vegetação nativa e não apenas florestas.
Mas houve os que fizeram o contraponto. "O interesse nacional é distribuir renda, terra, produção e poder, e não desproteger nossos recursos naturais", afirmou Edson Duarte (PV/BA), que mais tarde foi complementado por Ivan Valente (PSOL/SP): "Ser exportador de comoddities é aprofundar a dependência". Não foi, no entanto, suficiente, principalmente num jogo de cartas marcadas.
"Agora só nos resta trabalhar na reparação de danos. Saímos daqui com muitos danos na questão ambiental", afirmou ao ISA o deputado Dr. Rosinha (PT-PR). "O último artigo revoga o próprio código florestal, o que é muito grave. E leva por água abaixo todo o discurso do relator e dos ruralistas. Eles dizem que estão dando uma moratória de cinco anos contra o desmatamento. Ocorre que não restou nenhuma lei que limite o desmatamento depois dos cinco anos. Esse é só um exemplo de ponto nocivo do que acabamos de aprovar."
Para o deputado Edson Duarte (PV-BA) nem os deputados sabem exatamente o que foi votado e aprovado. "O relator informou algumas mudanças que acatou fazer, mas a informação se restringiu ao relato verbal. Não recebemos o texto modificado. Votamos no escuro."
Um dos pontos citados por Duarte diz respeito a mudança drástica no artigo 28, onde a redação afirmava que o proprietário rural estava desobrigado de recuperar a área de reserva legal destruída. Alegando um equívoco de redação, Aldo disse que o correto era "obrigado", em vez de “desobrigado”. Os deputados criticaram que um equívoco tão grave tivesse passado pela revisão do original e que a correção não tivesse chegado aos deputados até a fase de votação.
"O projeto nasceu errado, a composição da comissão foi errada, tudo foi equivocado. E o resultado é esse grande equívoco entre o que é meio ambiente e o que é produção agrícola”, resumiu Edson Duarte. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que o parecer de Aldo estava tão confuso que dividiu opiniões entre deputados de um mesmo partido. “Isso fica provado nos votos do PSDB e do PT.” Destacou também que a discordância ainda gerou quatro votos em separado. "E a anistia prevista no texto em favor dos desmatadores estimula a impunidade."
Agora o projeto vai a plenário, possivelmente depois das eleições. “E temos de torcer para que, antes, a sociedade dê o troco nas urnas, mostrando aos deputados que votaram a favor do relatório que o eleitor sabe das consequências dessas alterações.
Quem votou pelo sim ao relatório:
1. Anselmo de Jesus (PT-RO)
2. Homero Pereira (PR-MT)
3. Luis Carlos Heinze (PP-RS)
4. Moacir Micheletto (PMDB-PR)
5. Paulo Piau (PPS-MG)
6. Valdir Colatto (PMDB-SC)
7. Hernandes Amorim (PTB-RO)
8. Marcos Montes (DEM-MG)
9. Moreira Mendes (PPS-RO)
10. Duarte Nogueira (PSDB-SP)
11. Aldo Rebelo (PCdoB-SP)
12. Reinhold Stephanes (PMDB-PR)
13. Eduardo Seabra (PTB-AP)
Quem votou pelo não ao relatório
1. Dr. Rosinha (PT-PR)
2. Ricardo Tripoli (PSDB-SP)
3. Rodrigo Rollemberg (PSB-DF)
4. Sarney Filho (PV-MA)
5. Ivan Valente (PSOL-SP)
Saiba mais sobre a polêmica do Código Florestal.
Fonte: http://www.socioambiental.org/noticias/nsa/detalhe?id=3123
Para quem não acompanhou o desenrolar do caso, a cena pode parecer inusitada. Dezenas de manifestantes ligados aos grandes sindicatos rurais patronais, com camisetas pedindo "segurança a quem produz os nossos alimentos", gritavam seu nome. Ao mesmo tempo, manifestantes ligados a movimentos camponeses e da agricultura familiar, a quem ele dizia defender, o vaiavam. O centro das atenções era o deputado comunista Aldo Rebelo (PCdoB), cujo projeto para alterar o Código Florestal, uma das mais importantes leis ambientais do país, acabava de ser aprovado pela comissão especial da Câmara dos Deputados.
O placar já era esperado. Numa comissão dominada amplamente por deputados ruralistas, não foi surpresa que a proposta de Aldo tenha sido aprovada por 13 votos a 5. Todos os partidos de esquerda ou centro-esquerda votaram contra a proposta, apoiada apenas por parlamentares e partidos mais conservadores. DEM, PMDB, PP, PR, PPS e PTB votaram a favor das mudanças, enquanto PT, PSB, PSOL, PV e parte do PSDB votaram contra o projeto.
Depoimento do deputado Luiz Carlos Heinze (PP/RS), um dos expoentes da bancada ruralista, direcionado a Aldo Rebelo, confirma o reconhecimento: "Vossa excelência defende o comunismo. Eu sou de outro espectro político, defendo o capitalismo, mas tenho que reconhecer que fez um bom trabalho". O deputado Homero Pereira (PP/MT), ligado à Federação da Agricultura do Mato Grosso, foi mais longe: "Recomendo a vossa excelência que publique um livro com o seu relatório inicial.”
Na véspera foi distribuído um documento, assinado por todas as grandes organizações da agricultura camponesa – CONTAG, MST, MPA, Via Campesina, CUT –, bem como por alguns importantes intelectuais e ativistas de esquerda, como Leonardo Boff e Dom Pedro Casaldáliga, que se manifestava pela rejeição do projeto que acabou aprovado. Segundo essas organizações, “o relatório apresentado pelo deputado Aldo Rebelo contradiz com sua história de engajamento e dedicação às questões de interesse da sociedade brasileira e, ao defender um falso nacionalismo, o senhor deputado entrega as florestas brasileiras aos latifundiários e à expansão desenfreada do agronegócio”.
Para Raul Silva Telles do Valle, advogado do ISA, o projeto aprovado é um grande retrocesso. Segundo ele, o principal equívoco do documento é partir do pressuposto de que proteger os recursos naturais é contrário ao desenvolvimento do país. “Por isso, em vez de criar condições para que todos possam cumprir a lei e preservar parte de nossas florestas, ele simplesmente abre a possibilidade de que o proprietário rural possa estar de acordo com a lei mesmo que todas as margens dos rios que cortam seu imóvel estejam desmoronando e não tenha um pé de arvore nativa".
Gigante pela própria natureza
Terminada a votação, manifestantes mobilizados pelos ruralistas ensaiaram o canto do hino nacional, mas o coro enfraqueceu sem concluir a primeira parte. Bem antes de chegar ao “gigante pela própria natureza”, eles já gritavam nomes de destaque no processo de desmonte do Código Florestal. O primeiro nome aclamado com entusiasmo foi o do relator: "Aldo! Aldo Aldo!", seguido por "Micheletto! Micheletto!", presidente da comissão especial, e “Colatto! Colato!”, ex-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio.
Durante as discussões, esses também foram os protagonistas do debate. Colatto, defendendo o trabalho de Aldo, ressaltou que “meio ambiente é papel do Estado e não das pessoas individualmente”, enquanto Moreira Mendes (PPS/RO) complementava: "A recuperação ambiental é uma piada de mau gosto ao Brasil!".
Segundo Heinze, o projeto de Aldo estaria "devolvendo" aos proprietários do sul do país 16 milhões de hectares de áreas produtivas que, segundo ele, foram "surrupiadas" pela MP nº 2166, de 2001. Para o deputado, foi apenas nessa época que teria surgido a obrigação de se preservar 20% da vegetação nativa do imóvel a título de reserva legal, quando, na verdade, essa obrigação existe desde 1934, para qualquer tipo de vegetação nativa e não apenas florestas.
Mas houve os que fizeram o contraponto. "O interesse nacional é distribuir renda, terra, produção e poder, e não desproteger nossos recursos naturais", afirmou Edson Duarte (PV/BA), que mais tarde foi complementado por Ivan Valente (PSOL/SP): "Ser exportador de comoddities é aprofundar a dependência". Não foi, no entanto, suficiente, principalmente num jogo de cartas marcadas.
"Agora só nos resta trabalhar na reparação de danos. Saímos daqui com muitos danos na questão ambiental", afirmou ao ISA o deputado Dr. Rosinha (PT-PR). "O último artigo revoga o próprio código florestal, o que é muito grave. E leva por água abaixo todo o discurso do relator e dos ruralistas. Eles dizem que estão dando uma moratória de cinco anos contra o desmatamento. Ocorre que não restou nenhuma lei que limite o desmatamento depois dos cinco anos. Esse é só um exemplo de ponto nocivo do que acabamos de aprovar."
Para o deputado Edson Duarte (PV-BA) nem os deputados sabem exatamente o que foi votado e aprovado. "O relator informou algumas mudanças que acatou fazer, mas a informação se restringiu ao relato verbal. Não recebemos o texto modificado. Votamos no escuro."
Um dos pontos citados por Duarte diz respeito a mudança drástica no artigo 28, onde a redação afirmava que o proprietário rural estava desobrigado de recuperar a área de reserva legal destruída. Alegando um equívoco de redação, Aldo disse que o correto era "obrigado", em vez de “desobrigado”. Os deputados criticaram que um equívoco tão grave tivesse passado pela revisão do original e que a correção não tivesse chegado aos deputados até a fase de votação.
"O projeto nasceu errado, a composição da comissão foi errada, tudo foi equivocado. E o resultado é esse grande equívoco entre o que é meio ambiente e o que é produção agrícola”, resumiu Edson Duarte. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que o parecer de Aldo estava tão confuso que dividiu opiniões entre deputados de um mesmo partido. “Isso fica provado nos votos do PSDB e do PT.” Destacou também que a discordância ainda gerou quatro votos em separado. "E a anistia prevista no texto em favor dos desmatadores estimula a impunidade."
Agora o projeto vai a plenário, possivelmente depois das eleições. “E temos de torcer para que, antes, a sociedade dê o troco nas urnas, mostrando aos deputados que votaram a favor do relatório que o eleitor sabe das consequências dessas alterações.
Quem votou pelo sim ao relatório:
1. Anselmo de Jesus (PT-RO)
2. Homero Pereira (PR-MT)
3. Luis Carlos Heinze (PP-RS)
4. Moacir Micheletto (PMDB-PR)
5. Paulo Piau (PPS-MG)
6. Valdir Colatto (PMDB-SC)
7. Hernandes Amorim (PTB-RO)
8. Marcos Montes (DEM-MG)
9. Moreira Mendes (PPS-RO)
10. Duarte Nogueira (PSDB-SP)
11. Aldo Rebelo (PCdoB-SP)
12. Reinhold Stephanes (PMDB-PR)
13. Eduardo Seabra (PTB-AP)
Quem votou pelo não ao relatório
1. Dr. Rosinha (PT-PR)
2. Ricardo Tripoli (PSDB-SP)
3. Rodrigo Rollemberg (PSB-DF)
4. Sarney Filho (PV-MA)
5. Ivan Valente (PSOL-SP)
Saiba mais sobre a polêmica do Código Florestal.
Fonte: http://www.socioambiental.org/noticias/nsa/detalhe?id=3123
Agrotóxicos - Um perigo invisível
Agrotóxicos
Quarta-feira, 30 de Junho de 2010
Um perigo invisível
Embora tenha o seu uso regulamentado pelo Congresso Federal, os agrotóxicos causam diversos danos à saúde e ao meio ambiente. Os agrônomos, que apóiam o uso desses venenos, desconsideram os graves prejuízos que se tornam irreversíveis em longo prazo.
Paulo Jr e Caroline Abreu
Em busca de soluções ecológicas - o Departamento de Fitossanidade, da Faculdade de Agronomia da UFRGS, estuda os diferentes tipos de pragas que interferem a atividade rural
Por Caroline Abreu e Paulo Finatto Jr. - estudantes de jornalismo da FABICO/UFRGS
Em 2008, um estudo divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alertou a população brasileira a respeito de um sério problema. Os agrotóxicos, utilizados em grande parte das plantações de todo o país, não atendiam as exigências determinadas da Lei nº 9.974, que determina as regras para a utilização desse tipo de produto químico. Em cerca de duas mil amostradas coletadas – entre verduras, legumes e frutas –, mais de 15% apresentavam níveis elevados de componentes tóxicos.
Nos dias de hoje, a premissa de que os agrotóxicos são seguros desde que corretamente utilizados está verdadeiramente fragilizada. De acordo com um trabalho conduzido nos Estados Unidos por pesquisadores de diversos institutos, agricultores que manuseiam os pesticidas agrícolas apresentam taxas maiores para alguns tipos de câncer. Além disso, outros agravos à saúde também são relacionados ao trabalho no campo e ao uso de produtos químicos – como asma, doenças neurológicas e uma série de manifestações reprodutivas anormais. Ou seja, mesmo que um trabalhador procure adotar todos os cuidados recomendados para a aplicação de agrotóxicos, eles são insuficientes para garantir a segurança e prevenir impactos ao ambiente e ao próprio organismo.
O início do problema
A utilização em grande escala desses produtos começou após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando o uso do dicloro-difenil-tricloroetano (DDT) se popularizou, sobretudo no combate aos mosquitos causadores de doenças como a malária e o tifo. No entanto, os resíduos – que iam parar no oceano – se acumulavam em algas. Na continuidade da cadeia ecológica, o pesticida se transferia para os peixes e, consequentemente, para as aves. O DDT, muito mais concentrado no organismo desses últimos animais, fragilizava a calcificação dos ovos. Na hora de chocar, as aves fêmeas quebravam os ovos – o que comprometia a nova geração de filhotes.
Não demorou muito para que se descobrisse que o DDT causava câncer e efeitos negativos para o corpo humano, principalmente para o coração, para o fígado, para os rins e para o cérebro. Depois de quarenta anos de uso do DDT, o emprego de agrotóxicos aumentou em 700% e quase dois terços da produção agrícola mundial sai de lavouras que utilizam esse tipo de produto.
De acordo com o professor do Departamento de Fitossanidade da Faculdade de Agronomia da UFRGS, Valmir Duarte, a implementação dos agrotóxicos foi uma consequência da necessidade de transformar o ambiente agrário em uma indústria com grande quantidade de produção. “Se tu tens uma colheitadeira, não adianta ter plantas de alturas diferentes. Na hora de colher, tu vais perder o material. Então houve um processo de uniformização. Mas isso fez com que as plantas, por serem todas idênticas, ficassem suscetíveis a ataques de pragas. Se, numa plantação de mil hectares, um pé fosse infectado, a doença se espalharia para todos os demais”, comenta Duarte.
No entanto, o engenheiro agrônomo Sebastião Pinheiro vai além sobre o início da utilização dos pesticidas agrícolas. “O agrotóxico é uma tecnologia que surgiu no século XIX, altissimamente rentável. O pior não é isso: o agrotóxico não foi criado para a agricultura. O agrotóxico foi criado como um insumo industrial destinado à agricultura, mas ele foi inventado e descoberto para ser utilizado na guerra. Ele é uma arma química”, afirma Pinheiro.
De qualquer forma, o Brasil tornou-se um dos maiores produtores agrícolas do planeta – e, também, o maior consumidor mundial de agrotóxicos. O crescimento das vendas no país vem crescendo praticamente de forma contínua. De 2002 a 2008 as vendas de agrotóxicos aumentaram em quase quatro vezes, chegando a US$ 7,1 bilhões e ultrapassando os EUA. Para Pinheiro, isso é resultado da subjugação da agricultura brasileira à economia mundial. “Nós funcionamos de forma muito imatura. Nós funcionamos como se fosse uma moda. Há o ápice no lançamento, a crescida e depois a caída. Hoje o agrotóxico está em queda livre. No entanto, o Brasil é o primeiro mercado do mundo”, critica o engenheiro agrônomo.
A relação próxima entre o Brasil e os agrotóxicos
Existem cerca de 15 mil formulações para mais de quatrocentos tipos diferentes de agrotóxicos. No Brasil – país que é o maior consumidor desse tipo de produto, de acordo com a Anvisa –, somente oito mil composições químicas são permitidas para o uso. Na maioria dos casos, os agrotóxicos são utilizados para exterminar pragas ou doenças que comprometem a produtividade do ambiente agrário. Entretanto, essa classe de substância ainda pode ser adquirida para limpeza e desinfecção de estábulos, por exemplo.
“Um agrotóxico é um insumo industrial, esta é uma palavra-chave. Um insumo industrial é um produto que passa a ser necessário, ou não, em determinado tipo de processo. O processo, no caso, é a agricultura. E o agrotóxico vai ser trazido para a agricultura como algo fundamental”, afirma Pinheiro. Existe uma série de possibilidades para a classificação dos agrotóxicos. Entre as principais categorias estão os inseticidas (que combatem as pragas que só existem por causa do desequilíbrio que esse tipo de agricultura gera), os fungicidas (que agem sobre os fungos) e os herbicidas (que atuam contra as ervas daninhas indesejáveis). A organização Mundial da Saúde (OMS) classificou os efeitos dessas substâncias em classes, que se dividem entre “extremamente perigosos” até “muito pouco perigosos”. No Brasil, os defensivos agrícolas são separados por faixas: extremamente tóxicos (faixa vermelha), altamente tóxicos (faixa amarela), mediamente tóxicos (faixa azul) e pouco tóxicos (faixa verde).
Em razão do seu caráter sintético, o impacto negativo dos agrotóxicos sobre o meio ambiente existe em todos os casos em que o produto é empregado. As consequências variam conforme o tipo do produto e a quantidade. De um modo geral, os agrotóxicos podem causar desde tonturas, desmaios e dores de cabeça até a alteração do funcionamento cerebral e respiratório, além da morte por envenenamento.
No entanto, o perigo que envolve a utilização de agrotóxicos parece não estar ainda no centro das atenções no Brasil. “Quando nós começamos a campanha contra o envenenamento, não era uma brincadeira. Era 1,2 milhão de intoxicados por ano e doze mil mortos. Você vai me perguntar: mudou? Eu diria que não. Hoje está invisível”, declara Pinheiro.
“No Brasil, é proibido ensinar o perigo dos agrotóxicos. Os agrônomos formados em universidades brasileiras não têm noção do risco e do perigo do uso desses produtos. Eles são formados fanáticos pelo uso de agrotóxicos”. No alvo da discussão, o ensino superior é criticado por ser um misto de incompetência e de corrupção por parte dos professores. “Não havia uma preocupação com as mortes e com as intoxicações por agrotóxicos, pois quem vendia o antídoto era justamente quem fabricava o veneno. A empresa ganha nas duas pontas. Se essa é a situação, nós deveríamos ter mecanismos de educação e legislação para evitar este negócio, que é pior do que antiético”, afirma o engenheiro agrônomo.
O agrotóxico na nova ordem mundial
No mundo atual, cerca de oito empresas detêm o oligopólio da produção de agrotóxicos. Enquanto que na Europa uma pessoa só pode comprar um pesticida rural após participar de um curso e de obter uma autorização, a maioria das fábricas está em países da América Latina e da Ásia. No caso específico do Brasil, os agrotóxicos não são taxados com o ICMS pelo governo – o que, aliado com a fiscalização deficiente – faz da utilização do produto uma prática extremamente comum e perigosa meio rural. De acordo com a Anvisa, o uso intenso de agrotóxicos levou algumas regiões do país, sobretudo as mais pobres, à degradação dos recursos naturais – solo, água, flora e fauna – de forma irreversível, em muitos casos.
“Hoje, nenhuma fábrica de agrotóxicos está na Alemanha, no Japão ou nos Estados Unidos. Todas elas foram exportadas a partir de 1980 para os países periféricos, como o Brasil, o México, a Argentina e a China. Por quê? O agrotóxico é uma tecnologia ultrapassada. Não dá mais rentabilidade”, explica Pinheiro. O pesticida agrícola – enquanto produto industrial – é fabricado a partir do petróleo desde o século XIX e, em grande escala, durante o século XX.
Todas as consequências perigosas
Em 1962, o livro “Primavera Silenciosa” – da bióloga americana Rachel Carson – foi a primeira obra a detalhar os efeitos nocivos da utilização dos pesticidas e dos inseticidas. Na época, a autora advertiu a sociedade para o fato de que o uso dos produtos químicos, para o controle de adversidades no ambiente rural, sem nenhum tipo de pesquisa prévia, interferia diretamente sobre o solo, a água, os animais e até mesmo sobre o próprio homem. Com o debate público iniciado por Carson, algumas das substâncias listadas pela autora foram proibidas ou sofreram restrições governamentais em todo o mundo.
No Brasil, a introdução de inseticidas fosforados para substituir o uso do DDT – no início dos anos cinquenta – veio acompanhada de um método historicamente inadequado: os agricultores eram ensinados a misturar o DDT (vendido em forma de pó solúvel) com a própria mão. Como esse tipo de produto possui uma dose letal alta – demanda uma alta absorção para provocar a morte –, somente após quinze anos os problemas de saúde apareceriam entre os trabalhadores do ambiente rural. No entanto, quando o agricultor tentava repetir a mesma técnica com o novo produto fosforado, muito mais perigoso que o anterior, caía morto, fato que se repetiu em diversas regiões do território nacional.
Há uma explicação para isso. “A propaganda do agrotóxico é feita pra um agricultor analfabeto, ou semi-analfabeto, isolado. E se você analisa, vê que ela é feita como para uma criança de seis ou oito anos”, critica Pinheiro. No entanto, a informação correta, além de não chegar ao destinatário mais interessado – o agricultor –, carece de uma diferenciação complexa entre as regiões do Brasil. “O argumento de que respeitados os prazos, entre aplicação e consumo, se eliminam os perigos não é verdadeiro. Por ser o Brasil um país vasto de diferentes características climáticas, os prazos deveriam ser diferentes – mas não são. No Brasil, o prazo único é de trinta dias. No Nordeste leva-se menos tempo para eliminar o risco; no Sul, mais. Além disso, o formato da fruta também influencia – maçãs, por exemplo, possuem mais reentrâncias, logo, mais agrotóxicos ali se acumulam”, complementa o engenheiro agrônomo.
Certamente, não restam dúvidas. O uso crescente, generalizado e intensivo de agrotóxicos gera impactos prejudiciais à saúde e ao ambiente. De acordo com o Ministério Público, cerca de cinco mil agricultores morrem por ano em decorrência da contaminação com agrotóxicos. O desequilíbrio ecológico ocasionado também acarreta problemas à própria agricultura, agravando o surgimento e a resistência de novas pragas. “O que eu vejo, para o futuro, é que toda a produção agrícola terá de se submeter a uma certificação ecologicamente responsável. Haverá um controle que hoje não se tem”, acredita Duarte.
Em uma realidade menos animadora, a falta de uma educação sustentável compromete de maneira significativa o futuro da agricultura. “Criam-se necessidades que poderiam ser supridas com matérias naturais. Tratores substituem bois, fertilizantes substituem esterco, agrotóxicos substituem manejos naturais. Está claro que essas substituições só ocorrem porque são rentáveis para quem produz a nova tecnologia”, critica Pinheiro.
Se ainda não existe uma unanimidade em definir o futuro da agricultura – se exclusivamente através do cultivo de orgânicos ou por meio de recursos da biotecnologia – um pensamento precisa dominar o ambiente rural: o ciclo dos agrotóxicos precisa acabar. As consequências do seu uso são irreversíveis para o ser humano e para o meio ambiente.
Leia também:
Agrotóxicos - Informações para Uso Médico - Sintomas de Alerta e Tratamento da Intoxicações
Matéria produzida na disciplina Jornalismo Ambiental sob a orientação da professora Ilza T.Girardi (Fabico/UFRGS)
Fonte: http://www.ecoagencia.com.br/?open=noticias&id=VZlSXRlVONlYHZEVjZkVaN2aKVVVB1TP
Quarta-feira, 30 de Junho de 2010
Um perigo invisível
Embora tenha o seu uso regulamentado pelo Congresso Federal, os agrotóxicos causam diversos danos à saúde e ao meio ambiente. Os agrônomos, que apóiam o uso desses venenos, desconsideram os graves prejuízos que se tornam irreversíveis em longo prazo.
Paulo Jr e Caroline Abreu
Em busca de soluções ecológicas - o Departamento de Fitossanidade, da Faculdade de Agronomia da UFRGS, estuda os diferentes tipos de pragas que interferem a atividade rural
Por Caroline Abreu e Paulo Finatto Jr. - estudantes de jornalismo da FABICO/UFRGS
Em 2008, um estudo divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alertou a população brasileira a respeito de um sério problema. Os agrotóxicos, utilizados em grande parte das plantações de todo o país, não atendiam as exigências determinadas da Lei nº 9.974, que determina as regras para a utilização desse tipo de produto químico. Em cerca de duas mil amostradas coletadas – entre verduras, legumes e frutas –, mais de 15% apresentavam níveis elevados de componentes tóxicos.
Nos dias de hoje, a premissa de que os agrotóxicos são seguros desde que corretamente utilizados está verdadeiramente fragilizada. De acordo com um trabalho conduzido nos Estados Unidos por pesquisadores de diversos institutos, agricultores que manuseiam os pesticidas agrícolas apresentam taxas maiores para alguns tipos de câncer. Além disso, outros agravos à saúde também são relacionados ao trabalho no campo e ao uso de produtos químicos – como asma, doenças neurológicas e uma série de manifestações reprodutivas anormais. Ou seja, mesmo que um trabalhador procure adotar todos os cuidados recomendados para a aplicação de agrotóxicos, eles são insuficientes para garantir a segurança e prevenir impactos ao ambiente e ao próprio organismo.
O início do problema
A utilização em grande escala desses produtos começou após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando o uso do dicloro-difenil-tricloroetano (DDT) se popularizou, sobretudo no combate aos mosquitos causadores de doenças como a malária e o tifo. No entanto, os resíduos – que iam parar no oceano – se acumulavam em algas. Na continuidade da cadeia ecológica, o pesticida se transferia para os peixes e, consequentemente, para as aves. O DDT, muito mais concentrado no organismo desses últimos animais, fragilizava a calcificação dos ovos. Na hora de chocar, as aves fêmeas quebravam os ovos – o que comprometia a nova geração de filhotes.
Não demorou muito para que se descobrisse que o DDT causava câncer e efeitos negativos para o corpo humano, principalmente para o coração, para o fígado, para os rins e para o cérebro. Depois de quarenta anos de uso do DDT, o emprego de agrotóxicos aumentou em 700% e quase dois terços da produção agrícola mundial sai de lavouras que utilizam esse tipo de produto.
De acordo com o professor do Departamento de Fitossanidade da Faculdade de Agronomia da UFRGS, Valmir Duarte, a implementação dos agrotóxicos foi uma consequência da necessidade de transformar o ambiente agrário em uma indústria com grande quantidade de produção. “Se tu tens uma colheitadeira, não adianta ter plantas de alturas diferentes. Na hora de colher, tu vais perder o material. Então houve um processo de uniformização. Mas isso fez com que as plantas, por serem todas idênticas, ficassem suscetíveis a ataques de pragas. Se, numa plantação de mil hectares, um pé fosse infectado, a doença se espalharia para todos os demais”, comenta Duarte.
No entanto, o engenheiro agrônomo Sebastião Pinheiro vai além sobre o início da utilização dos pesticidas agrícolas. “O agrotóxico é uma tecnologia que surgiu no século XIX, altissimamente rentável. O pior não é isso: o agrotóxico não foi criado para a agricultura. O agrotóxico foi criado como um insumo industrial destinado à agricultura, mas ele foi inventado e descoberto para ser utilizado na guerra. Ele é uma arma química”, afirma Pinheiro.
De qualquer forma, o Brasil tornou-se um dos maiores produtores agrícolas do planeta – e, também, o maior consumidor mundial de agrotóxicos. O crescimento das vendas no país vem crescendo praticamente de forma contínua. De 2002 a 2008 as vendas de agrotóxicos aumentaram em quase quatro vezes, chegando a US$ 7,1 bilhões e ultrapassando os EUA. Para Pinheiro, isso é resultado da subjugação da agricultura brasileira à economia mundial. “Nós funcionamos de forma muito imatura. Nós funcionamos como se fosse uma moda. Há o ápice no lançamento, a crescida e depois a caída. Hoje o agrotóxico está em queda livre. No entanto, o Brasil é o primeiro mercado do mundo”, critica o engenheiro agrônomo.
A relação próxima entre o Brasil e os agrotóxicos
Existem cerca de 15 mil formulações para mais de quatrocentos tipos diferentes de agrotóxicos. No Brasil – país que é o maior consumidor desse tipo de produto, de acordo com a Anvisa –, somente oito mil composições químicas são permitidas para o uso. Na maioria dos casos, os agrotóxicos são utilizados para exterminar pragas ou doenças que comprometem a produtividade do ambiente agrário. Entretanto, essa classe de substância ainda pode ser adquirida para limpeza e desinfecção de estábulos, por exemplo.
“Um agrotóxico é um insumo industrial, esta é uma palavra-chave. Um insumo industrial é um produto que passa a ser necessário, ou não, em determinado tipo de processo. O processo, no caso, é a agricultura. E o agrotóxico vai ser trazido para a agricultura como algo fundamental”, afirma Pinheiro. Existe uma série de possibilidades para a classificação dos agrotóxicos. Entre as principais categorias estão os inseticidas (que combatem as pragas que só existem por causa do desequilíbrio que esse tipo de agricultura gera), os fungicidas (que agem sobre os fungos) e os herbicidas (que atuam contra as ervas daninhas indesejáveis). A organização Mundial da Saúde (OMS) classificou os efeitos dessas substâncias em classes, que se dividem entre “extremamente perigosos” até “muito pouco perigosos”. No Brasil, os defensivos agrícolas são separados por faixas: extremamente tóxicos (faixa vermelha), altamente tóxicos (faixa amarela), mediamente tóxicos (faixa azul) e pouco tóxicos (faixa verde).
Em razão do seu caráter sintético, o impacto negativo dos agrotóxicos sobre o meio ambiente existe em todos os casos em que o produto é empregado. As consequências variam conforme o tipo do produto e a quantidade. De um modo geral, os agrotóxicos podem causar desde tonturas, desmaios e dores de cabeça até a alteração do funcionamento cerebral e respiratório, além da morte por envenenamento.
No entanto, o perigo que envolve a utilização de agrotóxicos parece não estar ainda no centro das atenções no Brasil. “Quando nós começamos a campanha contra o envenenamento, não era uma brincadeira. Era 1,2 milhão de intoxicados por ano e doze mil mortos. Você vai me perguntar: mudou? Eu diria que não. Hoje está invisível”, declara Pinheiro.
“No Brasil, é proibido ensinar o perigo dos agrotóxicos. Os agrônomos formados em universidades brasileiras não têm noção do risco e do perigo do uso desses produtos. Eles são formados fanáticos pelo uso de agrotóxicos”. No alvo da discussão, o ensino superior é criticado por ser um misto de incompetência e de corrupção por parte dos professores. “Não havia uma preocupação com as mortes e com as intoxicações por agrotóxicos, pois quem vendia o antídoto era justamente quem fabricava o veneno. A empresa ganha nas duas pontas. Se essa é a situação, nós deveríamos ter mecanismos de educação e legislação para evitar este negócio, que é pior do que antiético”, afirma o engenheiro agrônomo.
O agrotóxico na nova ordem mundial
No mundo atual, cerca de oito empresas detêm o oligopólio da produção de agrotóxicos. Enquanto que na Europa uma pessoa só pode comprar um pesticida rural após participar de um curso e de obter uma autorização, a maioria das fábricas está em países da América Latina e da Ásia. No caso específico do Brasil, os agrotóxicos não são taxados com o ICMS pelo governo – o que, aliado com a fiscalização deficiente – faz da utilização do produto uma prática extremamente comum e perigosa meio rural. De acordo com a Anvisa, o uso intenso de agrotóxicos levou algumas regiões do país, sobretudo as mais pobres, à degradação dos recursos naturais – solo, água, flora e fauna – de forma irreversível, em muitos casos.
“Hoje, nenhuma fábrica de agrotóxicos está na Alemanha, no Japão ou nos Estados Unidos. Todas elas foram exportadas a partir de 1980 para os países periféricos, como o Brasil, o México, a Argentina e a China. Por quê? O agrotóxico é uma tecnologia ultrapassada. Não dá mais rentabilidade”, explica Pinheiro. O pesticida agrícola – enquanto produto industrial – é fabricado a partir do petróleo desde o século XIX e, em grande escala, durante o século XX.
Todas as consequências perigosas
Em 1962, o livro “Primavera Silenciosa” – da bióloga americana Rachel Carson – foi a primeira obra a detalhar os efeitos nocivos da utilização dos pesticidas e dos inseticidas. Na época, a autora advertiu a sociedade para o fato de que o uso dos produtos químicos, para o controle de adversidades no ambiente rural, sem nenhum tipo de pesquisa prévia, interferia diretamente sobre o solo, a água, os animais e até mesmo sobre o próprio homem. Com o debate público iniciado por Carson, algumas das substâncias listadas pela autora foram proibidas ou sofreram restrições governamentais em todo o mundo.
No Brasil, a introdução de inseticidas fosforados para substituir o uso do DDT – no início dos anos cinquenta – veio acompanhada de um método historicamente inadequado: os agricultores eram ensinados a misturar o DDT (vendido em forma de pó solúvel) com a própria mão. Como esse tipo de produto possui uma dose letal alta – demanda uma alta absorção para provocar a morte –, somente após quinze anos os problemas de saúde apareceriam entre os trabalhadores do ambiente rural. No entanto, quando o agricultor tentava repetir a mesma técnica com o novo produto fosforado, muito mais perigoso que o anterior, caía morto, fato que se repetiu em diversas regiões do território nacional.
Há uma explicação para isso. “A propaganda do agrotóxico é feita pra um agricultor analfabeto, ou semi-analfabeto, isolado. E se você analisa, vê que ela é feita como para uma criança de seis ou oito anos”, critica Pinheiro. No entanto, a informação correta, além de não chegar ao destinatário mais interessado – o agricultor –, carece de uma diferenciação complexa entre as regiões do Brasil. “O argumento de que respeitados os prazos, entre aplicação e consumo, se eliminam os perigos não é verdadeiro. Por ser o Brasil um país vasto de diferentes características climáticas, os prazos deveriam ser diferentes – mas não são. No Brasil, o prazo único é de trinta dias. No Nordeste leva-se menos tempo para eliminar o risco; no Sul, mais. Além disso, o formato da fruta também influencia – maçãs, por exemplo, possuem mais reentrâncias, logo, mais agrotóxicos ali se acumulam”, complementa o engenheiro agrônomo.
Certamente, não restam dúvidas. O uso crescente, generalizado e intensivo de agrotóxicos gera impactos prejudiciais à saúde e ao ambiente. De acordo com o Ministério Público, cerca de cinco mil agricultores morrem por ano em decorrência da contaminação com agrotóxicos. O desequilíbrio ecológico ocasionado também acarreta problemas à própria agricultura, agravando o surgimento e a resistência de novas pragas. “O que eu vejo, para o futuro, é que toda a produção agrícola terá de se submeter a uma certificação ecologicamente responsável. Haverá um controle que hoje não se tem”, acredita Duarte.
Em uma realidade menos animadora, a falta de uma educação sustentável compromete de maneira significativa o futuro da agricultura. “Criam-se necessidades que poderiam ser supridas com matérias naturais. Tratores substituem bois, fertilizantes substituem esterco, agrotóxicos substituem manejos naturais. Está claro que essas substituições só ocorrem porque são rentáveis para quem produz a nova tecnologia”, critica Pinheiro.
Se ainda não existe uma unanimidade em definir o futuro da agricultura – se exclusivamente através do cultivo de orgânicos ou por meio de recursos da biotecnologia – um pensamento precisa dominar o ambiente rural: o ciclo dos agrotóxicos precisa acabar. As consequências do seu uso são irreversíveis para o ser humano e para o meio ambiente.
Leia também:
Agrotóxicos - Informações para Uso Médico - Sintomas de Alerta e Tratamento da Intoxicações
Matéria produzida na disciplina Jornalismo Ambiental sob a orientação da professora Ilza T.Girardi (Fabico/UFRGS)
Fonte: http://www.ecoagencia.com.br/?open=noticias&id=VZlSXRlVONlYHZEVjZkVaN2aKVVVB1TP
Um simples almoço: Dilma, Lily Marinho, Andrea Agnelli, Flávia Sampaio,...
"Dilma tem coragem de fazer política", diz Lily Marinho
09 de julho de 2010 • 17h47 • atualizado às 20h06
Dilma participou de um almoço oferecido pela viúva de Roberto Marinho em sua mansão
Foto: Roberto Stuckert Filho/Divulgação
João Pequeno
Direto do Rio de Janeiro
A candidata à presidência da República pelo PT, Dilma Rousseff, foi considerada simpática, bonita e muito elegante pela socialite Lily Marinho, viúva do ex-presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho. Dilma participou, no início da tarde dessa sexta-feira (9), de um almoço oferecido por Lily em sua mansão no Cosme Velho (zona Sul do Rio de Janeiro).
Também participaram do evento diversas mulheres influentes ou casadas com homens influentes. Entre as convidadas estavam Andrea Agnelli, mulher de Roger Agnelli, presidente da Vale, Lucy Barreto, mulher do produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, Maria do Carmo Vilaça, mulher do presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça, e Flávia Sampaio, mulher do empresário Eike Batista, além da candidata a deputada federal, Jandira Feghali, do PCdoB e da cantora Alcione, que cantou As rosas não falam.
Perguntada se convidaria os outros principais candidatos à presidência para almoços semelhantes, Lily disse que não sabia, pois não havia pensado nisso. "Não sou política, nem me interesso por política". No entanto, quando questionada sobre o que, então, a havia interessado em Dilma, Lily disse que era "a coragem de fazer política".
A viúva de Roberto Marinho elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Tenho gostado muito do Lula. Nesses oito anos ele conseguiu se fazer aparecer na Europa, nos Estados Unidos, e sabe falar ao povo".
Apesar de elogiar a ex-ministra da Casa Civil, Lily Marinho disse que não tinha objetivo de conseguir votos para a candidata.
Durante o almoço, Dilma elogiou as mulheres em geral e disse que o encontro foi bastante agradável. "Fiquei bastante satisfeita, todas foram amáveis e é muito bom esse convívio com mulheres tão qualificadas".
Em seu discurso, Dilma relacionou o Bolsa Família às mulheres, frisando que "são elas que recebem" o benefício do governo federal.
Na apresentação às convidadas, Lily se referiu ao espírito democrático do encontro. "Convidei-as para, juntas, homenagearmos a 'senhora D'. Sim, esta grande dama, a senhora Democracia. Pois, graças a ela, a senhora Democracia, nos é permitido esse convívio de diferença de opiniões, de troca de experiências, de questionamentos. Poucos têm a oportunidade de ouvir diretamente os candidatos, sem intermediários ou interferências de pré-julgamentos", opinou a anfitriã.
Lily agradeceu a gentileza de Dilma: "hoje, esse privilégio nos foi dado por outra senhora D., a senhora Dilma Rousseff, candidata da situação que se propõe a ser a primeira mulher presidente do Brasil, e que gentilmente comparece a esse almoço."
Votos para a petista
A mulher de Eike Batista não declarou voto em Dilma, mas disse que "se ela conseguir congregar tudo o que vem falando, tem meu apreço". De acordo com ela, o marido bilionário está satisfeito com oito anos de governo Lula, ao qual Dilma afirma que pretende dar continuidade. "Ele sempre fala que está gostando muito do rumo que o Brasil vem tomando nesses últimos oito anos".
Por sua vez, a mulher do presidente da ABL afirmou que votará em Dilma. Maria do Carmo Vilaça elogiou em especial o programa de governo da ex-ministra. A própria candidata, no entanto, não respondeu quando questionada por que o seu programa falava em "monopólio" no ramo da comunicação quando este setor é aberto e disputado por diversas empresas concorrentes.
Na mansão que pertenceu a Roberto Marinho, um dos maiores empresários de comunicação da história do País, o menu foi tartar de salmão com maçã e funcho no molho verde de ervas, filé de cherne com banana caramelizada e purê de batata-baroa com molho de passas e urucum. Na sobremesa foi servido crepe com suflê de maracujá. "Preparei o menu sem nem saber quem vinha. É uma relação de confiança que tenho com a família há mais de 20 anos", afirmou o chef. "Só soube que seria a Dilma quando ela veio me cumprimentar na cozinha", disse.
Em seguida, Dilma encontrou-se com o governador do Rio, Sérgio Cabral, candidato à releeição pelo PMDB, no Palácio Larajeiras, sua residência oficial - embora de fato ele more num apartamento no Leblon. Ao deixar o Palácio, Dilma falou que "vir ao Rio e não encontrar o Sérgio Cabral seria ir como ir a Roma e não ver o Papa".
Fonte: http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2010/noticias/0,,OI4556227-EI15336,00-Dilma+tem+coragem+de+fazer+politica+diz+Lily+Marinho.html
“Sustentabilidade socioambiental: a questão indígena no RS e no Brasil”
Evento acontece no dia 13 de julho. A palestrante é a coordenadora regional do Iecam, Denise Wolf, que estará acompanhada de um membro da comunidade mbyá-guarani.
Por Redação da EcoAgência
A Terça Ecológica de Julho do Núcleo de Ecojornalistas do RS vai abordar a Sustentabilidade socioambiental: a questão indígena no RS e no Brasil, às 19h, no Instituto Goethe. Neste mês, o evento acontece na segunda semana, no dia 13 de julho. A palestrante é a Coordenadora Regional do Instituto de Estudos Culturais e Ambientais, IECAM, Denise Wolf, que estará acompanhada de um membro da comunidade Mbyá-Guarani no debate.
Conforme Denise, “é preciso entender que as tradições e rituais dos povos indígenas estão diretamente relacionados aos ciclos ecológicos que determinam os ciclos produtivos. A dimensão social (e solidária) das economias indígenas considera as necessidades biológicas e materiais como bens não apenas de consumo, mas como necessidades espirituais e morais. Toda atividade econômica tem como função final garantir o bem-estar da coletividade. A abundância é sempre festejada, pois consideram que a abundância permite viver com intensidade a generosidade, a partilha, a solidariedade, a hospitalidade, o espírito comunitário e a reciprocidade”.
O cidadão urbano tem muito a aprender com os povos originários a partir do exposto acima. A bióloga vai abordar também as dificuldades enfrentadas pelos indígenas no Estado e no País. Atualmente, os Guarani vivem em aldeias e acampamentos próximos às rodovias, visitando parentes, vendendo o artesanato que produzem e/ou buscando trabalhos sazonais. “A falta de terras adequadas e a saúde, sobretudo a desnutrição infantil, constituem seus maiores problemas. Segundo dados da FUNASA (Agosto, 2006), 100 a 190 mil índios vivem fora de terras indígenas. No Brasil, o número de portadores de doenças é de 60,7 para cada grupo de 1.000 habitantes, já considerado intolerável pela Organização Mundial de Saúde. Porém, entre a população indígena esse número sobe para 112,7,” citou.
População indígena e sustentabilidade
De acordo com o divulgado, no Brasil existiam mais de cinco milhões de índios em 1500, falando mais de mil línguas. Hoje, são aproximadamente 375.000 índios, divididos em 222 etnias, se expressando em 180 línguas (SIASI/FUNASA, 2002). Segundo dados divergentes do IBGE (2001), vivem no Brasil aproximadamente 700.000 índios, falando 241 línguas.
No Rio Grande do Sul, estão presentes três etnias: os Guarani (Mbyá e Ñandeva), os Kaingang e os Charrua. Estima-se uma população no Brasil cerca de 65 mil Guarani, 33 mil Kaingang (FUNASA, 2005) e 676 Charrua (INAI, 2004).
Denise lembra que não há demarcação de terras indígenas no Rio Grande do Sul há 30 anos. Mas destaca que, em 2008, com ampla participação de indígenas e aliados, foram formados cinco Grupos Técnicos, GT’s, com a função de demarcar mais de 20 áreas indígenas no Estado. Um dos GTs está em fase final de elaboração dos laudos antropológico e ambiental, e um segundo GT está iniciando os estudos.
A bióloga destaca também a importância do Projeto de Lei que tramita na Câmara Municipal de Porto Alegre (4079/2007), que atende expectativas e reivindicações de diversos agentes na área ambiental, como a instituição do Sistema Municipal de Unidades de Conservação da Natureza de Porto Alegre (SMUC). “Sem dúvida, é fundamental garantirmos a proteção da biodiversidade em áreas mais extensas e em risco de ocupação e especulação cada vez maior. Mas é também possível planejar e garantir, nessas mesmas áreas de conservação, a exemplo do SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação, o manejo sustentável realizado há décadas por comunidades indígenas que não impactam o ambiente de forma negativa, como o fazem os guarani residentes na aldeia da Lomba do Pinheiro, quando coletam ou caçam no Morro São Pedro, com profundo respeito à natureza,” concluiu.
Serviço:
O que: Terça Ecológica do NEJ-RS
Tema: Sustentabilidade Ambiental: a questão indígena no RS e no Brasil
Palestrante: Denise Wolf do IECAM
Quando: 13 de Julho
Onde: Instituto Goethe em Porto Alegre
Por Redação da EcoAgência
A Terça Ecológica de Julho do Núcleo de Ecojornalistas do RS vai abordar a Sustentabilidade socioambiental: a questão indígena no RS e no Brasil, às 19h, no Instituto Goethe. Neste mês, o evento acontece na segunda semana, no dia 13 de julho. A palestrante é a Coordenadora Regional do Instituto de Estudos Culturais e Ambientais, IECAM, Denise Wolf, que estará acompanhada de um membro da comunidade Mbyá-Guarani no debate.
Conforme Denise, “é preciso entender que as tradições e rituais dos povos indígenas estão diretamente relacionados aos ciclos ecológicos que determinam os ciclos produtivos. A dimensão social (e solidária) das economias indígenas considera as necessidades biológicas e materiais como bens não apenas de consumo, mas como necessidades espirituais e morais. Toda atividade econômica tem como função final garantir o bem-estar da coletividade. A abundância é sempre festejada, pois consideram que a abundância permite viver com intensidade a generosidade, a partilha, a solidariedade, a hospitalidade, o espírito comunitário e a reciprocidade”.
O cidadão urbano tem muito a aprender com os povos originários a partir do exposto acima. A bióloga vai abordar também as dificuldades enfrentadas pelos indígenas no Estado e no País. Atualmente, os Guarani vivem em aldeias e acampamentos próximos às rodovias, visitando parentes, vendendo o artesanato que produzem e/ou buscando trabalhos sazonais. “A falta de terras adequadas e a saúde, sobretudo a desnutrição infantil, constituem seus maiores problemas. Segundo dados da FUNASA (Agosto, 2006), 100 a 190 mil índios vivem fora de terras indígenas. No Brasil, o número de portadores de doenças é de 60,7 para cada grupo de 1.000 habitantes, já considerado intolerável pela Organização Mundial de Saúde. Porém, entre a população indígena esse número sobe para 112,7,” citou.
População indígena e sustentabilidade
De acordo com o divulgado, no Brasil existiam mais de cinco milhões de índios em 1500, falando mais de mil línguas. Hoje, são aproximadamente 375.000 índios, divididos em 222 etnias, se expressando em 180 línguas (SIASI/FUNASA, 2002). Segundo dados divergentes do IBGE (2001), vivem no Brasil aproximadamente 700.000 índios, falando 241 línguas.
No Rio Grande do Sul, estão presentes três etnias: os Guarani (Mbyá e Ñandeva), os Kaingang e os Charrua. Estima-se uma população no Brasil cerca de 65 mil Guarani, 33 mil Kaingang (FUNASA, 2005) e 676 Charrua (INAI, 2004).
Denise lembra que não há demarcação de terras indígenas no Rio Grande do Sul há 30 anos. Mas destaca que, em 2008, com ampla participação de indígenas e aliados, foram formados cinco Grupos Técnicos, GT’s, com a função de demarcar mais de 20 áreas indígenas no Estado. Um dos GTs está em fase final de elaboração dos laudos antropológico e ambiental, e um segundo GT está iniciando os estudos.
A bióloga destaca também a importância do Projeto de Lei que tramita na Câmara Municipal de Porto Alegre (4079/2007), que atende expectativas e reivindicações de diversos agentes na área ambiental, como a instituição do Sistema Municipal de Unidades de Conservação da Natureza de Porto Alegre (SMUC). “Sem dúvida, é fundamental garantirmos a proteção da biodiversidade em áreas mais extensas e em risco de ocupação e especulação cada vez maior. Mas é também possível planejar e garantir, nessas mesmas áreas de conservação, a exemplo do SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação, o manejo sustentável realizado há décadas por comunidades indígenas que não impactam o ambiente de forma negativa, como o fazem os guarani residentes na aldeia da Lomba do Pinheiro, quando coletam ou caçam no Morro São Pedro, com profundo respeito à natureza,” concluiu.
Serviço:
O que: Terça Ecológica do NEJ-RS
Tema: Sustentabilidade Ambiental: a questão indígena no RS e no Brasil
Palestrante: Denise Wolf do IECAM
Quando: 13 de Julho
Onde: Instituto Goethe em Porto Alegre
Serra, Dilma e Marina gastarão mais de R$ 400 milhões durante campanha
Previsões de despesas dos candidatos foram apresentadas junto ao pedido de registro de candidatura, cujo prazo foi encerrado na segunda-feira, 5
06 de julho de 2010 | Vannildo Mendes / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Encerrado na segunda-feira, 5, o prazo da Justiça Eleitoral para registro de candidaturas, nove partidos se habilitaram a disputar a Presidência da República. Os três líderes das pesquisas na corrida sucessória vão gastar R$ 434 milhões juntos.
O candidato do PSDB, José Serra, estimou um gasto de R$ 180 milhões, R$ 23 milhões a mais que a candidata da situação, Dilma Rousseff (PT), que calculou sua despesa em R$ 157 milhões. Marina Silva (PV), que aparece em terceiro lugar nas últimas pesquisas de intenção de voto, estimou o custo de sua campanha em R$ 97 milhões.
Os demais partidos registrados na disputa foram Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Rui Pimenta (PCO), Levy Fidelix (PRTB), José Maria de Almeida (PSTU), José Maria Eymael (PSDC) e Ivan Pinheiro (PCB). O pedido de registro inclui, além da previsão de gastos, a declaração de bens e um resumo do programa de governo de cada candidato.
Entre os candidatos a presidente, o de maior patrimônio é Eymael, que declarou um patrimônio de R$ 3,1 milhões, quase a metade disso só em aplicações financeiras. O com menos bens é José Maria de Almeida, que declarou a propriedade de um automóvel gol Power 1.6, ano 2006, avaliado em R$ 16 mil. É também o que menos vai gastar: R$ 300 mil.
À frente da coligação "O Brasil pode mais", Serra declarou um patrimônio de R$ 1.421.254,87. A maior parte vem de aplicação em fundos renda fixa na Caixa (R$ 414,5 mil), de um plano de previdência privada (R$ 329,3 mil) e do fundo de investimento financeiro Santander/Banespa (R$ 240 mil). O patrimônio é semelhante ao de seu vice, Índio da Costa (DEM), R$ 1.448.230,18. Índio tem a maior fatia também em fundos de investimento (R$ 401,7 mil), mas seu patrimônio é mais diversificado e inclui um barco no valor de R$ 206,6 mil e um ultraleve, avaliado em R$ 170,9 mil.
Dilma Rousseff declarou um patrimônio de R$ 1,06 milhão, incluindo dois apartamentos em Porto Alegre (RS) – avaliados em R$ 250 mil e 290 mil, um apartamento em Belo Horizonte (MG), que vale R$ 118 mil, e um Fiat Tipo 1996, no valor de R$ 30 mil. O registro da chapa mostra que o candidato a vice, Michel Temer (PMDB) tem patrimônio superior a R$ 6 milhões, quase seis vezes maior.
Bilhão. Primeira candidata a registrar pedido na quinta-feira passada, Marina declarou um patrimônio de R$ 150 mil (casa em Rio Branco, dois lotes e um saldo de R$ 46,8 mil em conta bancária). O que chama a atenção no registro do PV é o patrimônio bilionário do vice, Guilherme Leal, dono da Natura: R$ 1.197.729.991. É tanto dinheiro que o TSE se confundiu na cifra e deixou de fora uma "migalha" de R$ 2,4 milhões de uma aplicação financeira que ficou apagada na última linha da relação de bens. O troco esquecido é quase dez vezes mais que o patrimônio de Marina. A aplicação mais abastada soma R$ 625 milhões, no fundo de investimento administrado pelo Banco Itaú.
06 de julho de 2010 | Vannildo Mendes / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Encerrado na segunda-feira, 5, o prazo da Justiça Eleitoral para registro de candidaturas, nove partidos se habilitaram a disputar a Presidência da República. Os três líderes das pesquisas na corrida sucessória vão gastar R$ 434 milhões juntos.
O candidato do PSDB, José Serra, estimou um gasto de R$ 180 milhões, R$ 23 milhões a mais que a candidata da situação, Dilma Rousseff (PT), que calculou sua despesa em R$ 157 milhões. Marina Silva (PV), que aparece em terceiro lugar nas últimas pesquisas de intenção de voto, estimou o custo de sua campanha em R$ 97 milhões.
Os demais partidos registrados na disputa foram Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Rui Pimenta (PCO), Levy Fidelix (PRTB), José Maria de Almeida (PSTU), José Maria Eymael (PSDC) e Ivan Pinheiro (PCB). O pedido de registro inclui, além da previsão de gastos, a declaração de bens e um resumo do programa de governo de cada candidato.
Entre os candidatos a presidente, o de maior patrimônio é Eymael, que declarou um patrimônio de R$ 3,1 milhões, quase a metade disso só em aplicações financeiras. O com menos bens é José Maria de Almeida, que declarou a propriedade de um automóvel gol Power 1.6, ano 2006, avaliado em R$ 16 mil. É também o que menos vai gastar: R$ 300 mil.
À frente da coligação "O Brasil pode mais", Serra declarou um patrimônio de R$ 1.421.254,87. A maior parte vem de aplicação em fundos renda fixa na Caixa (R$ 414,5 mil), de um plano de previdência privada (R$ 329,3 mil) e do fundo de investimento financeiro Santander/Banespa (R$ 240 mil). O patrimônio é semelhante ao de seu vice, Índio da Costa (DEM), R$ 1.448.230,18. Índio tem a maior fatia também em fundos de investimento (R$ 401,7 mil), mas seu patrimônio é mais diversificado e inclui um barco no valor de R$ 206,6 mil e um ultraleve, avaliado em R$ 170,9 mil.
Dilma Rousseff declarou um patrimônio de R$ 1,06 milhão, incluindo dois apartamentos em Porto Alegre (RS) – avaliados em R$ 250 mil e 290 mil, um apartamento em Belo Horizonte (MG), que vale R$ 118 mil, e um Fiat Tipo 1996, no valor de R$ 30 mil. O registro da chapa mostra que o candidato a vice, Michel Temer (PMDB) tem patrimônio superior a R$ 6 milhões, quase seis vezes maior.
Bilhão. Primeira candidata a registrar pedido na quinta-feira passada, Marina declarou um patrimônio de R$ 150 mil (casa em Rio Branco, dois lotes e um saldo de R$ 46,8 mil em conta bancária). O que chama a atenção no registro do PV é o patrimônio bilionário do vice, Guilherme Leal, dono da Natura: R$ 1.197.729.991. É tanto dinheiro que o TSE se confundiu na cifra e deixou de fora uma "migalha" de R$ 2,4 milhões de uma aplicação financeira que ficou apagada na última linha da relação de bens. O troco esquecido é quase dez vezes mais que o patrimônio de Marina. A aplicação mais abastada soma R$ 625 milhões, no fundo de investimento administrado pelo Banco Itaú.
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