Diário El Argentino,
Gualeguaychu
Tradução: Renzo Bassanetti
A Assembléia Cidadã resolveu, ontem à noite, flexibilizar os protestos na rodovia 136, liberando a partir do próximo sábado, dia 13, o passo que liga Gualeguaychu Fray Bentos. Isso aconteceu após uma longa reunião, de um debate intenso e de uma votação acirrada.
Depois de três anos e meio, os cidadãos de Fray Bentos poderão passar para Gualeguaychu pela ponte internacional General San Martin. Ficou para trás a interrupção cidadã de uma rodovia, que foi a mais longa na história da humanidade. Às vezes, um instante pode sintetizar a história de um povo. A assembléia ampliada de ontem, realizada no Club Frigorífico, foi a expressão desse momento. A população foi testemunha de uma votação muito acirrada entre os que desejavam flexibilizar a interrupção e ficar ao longo da rodovia e aqueles que entedem que a barreira em Arroyo Verde é o método mais adequado na luta contra a contaminação e ilegalidade de uma fábrica colonialista. Definitivamente, foram 402 votos pela primeira postura e 315 com a segunda, o que habilita os assembleístas a levantarem a barreira no próximo sábado, dia 19, a partir das 13h. A partir daquele momento, e com a materialização de um novo gesto dos assembleístas, abre-se uma nova etapa nas negociações para controlar e vigiar a papeleira. Sem dúvida, também deve ter ajudado o gesto que, do outro lado do rio, aproximo o presidente José Mojica, que concordou em abrir uma porta ao sugerir que os controles sobre a ilegal Botnia sejam realizados dentro da fábrica e de forma conjunta, através da Comissão Administrativa do Rio Uruguay (CARU).
As cartas estão lançadas. Os cidadãos de Gualeguaychú estão convencidos de que a Botnia contamina. As autoridades argentinas também, como ficou evidenciado dias atrás na voz do Ministro da Justiça, Julio Alak, que tinha pedido para suspender a interrupção da rodovia e se comprometeu a pedir o fechamento da Botnia se a empresa contaminasse. Os governos nacionais de ambas as margens devem explicações às suas populações. Os exemplos são muitos, mas basta ilustrar que em ambos os parlamentos foi votada uma lei para proteger os investimentos da Finlândia, que em sua última frase observa que, em caso de divergências, prevalecerá o texto em inglês.
Os cipayos são definidos como filhos da pátria que se mostram servis ao interesse de outra nação, mesmo se esse é contrário ao seu próprio povo. É hora de que os políticos deixem de se comportar como gerentes das multinacionais e assumam o papel para o qual foram designados: defender os interesses da população. Gualeguaychú tornou a dar outro passo sem duplo sentido na defesa da vida. Uma população resolveu se posicionar contra a contaminação, e agora é preciso confiar nos ensinamentos que dizem “da História também se aprende”. A bola voltou para o campo político, e é de se esperar que se ponha fim à ação judicial movida pelo governo federal contra um punhado de cidadãos e a uma situação não desejada por povos historicamente irmanados.
Porém, essa oportunidade não é um cheque em branco: são 60 dias, que já começaram a contar a partir do encontro de 2 de junho, que os presidentes José Mojica e Cristina Kirchner mantiveram na estância Anchorena. Os Estados tem agora, assim como o pediram, o caminho aberto para administra a sentença de Haia e para demonstrar que as Repúblicas não estão de joelhos diante do poder das multinacionais. Trata-se de uma trégua e de uma nova oportunidade, desta vez para que os políticos não continuem divorciados de seu povo.
Fonte: http://www.diarioelargentino.com.ar/noticias/75941/gualeguaychu-levanto-el-corte-y-ahora-el-compromiso-es-de-los-estados
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