quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Nova mega-fábrica de celulose no rio da Prata

Comunicado da Assembléia Cidadã Ambiental de Gualeguaychú

Diante da assinatura por parte do governo uruguaio e do consórcio “Montes Del Plata” da autorização do início da construção de um novo empreendimento na área da celulose por parte das empresas Stora-Enso (sueco-finlandesa) e Arauco (chilena), a Assembléia Cidadã Ambiental de Gualeguaychú manifesta seu total repúdio por essa nova agressão à natureza e se solidariza com as populações que serão inegavelmente afetadas.

Surpreende ingratamente a pouca capacidade de imaginação do governo uruguaio, que ainda não aprendeu a lição, e depois de quase 20 anos somente entende como desenvolvimento esse tipo de empreendimento que, já sem qualquer dúvida, afeta de forma irreparável áreas produtivas de alto rendimento, onde a biodiversidade é uma de suas características principais.

Esse acordo carece de todos os mecanismos de consulta, a não ser a fanfarronada das audiências públicas, onde as empresas despejam sua propaganda enganosa, fazendo ouvidos surdos à falta de aceitação e às preocupações dos moradores locais, que justamente percebem o perigo ao seu modo de vida, às suas atividades produtivas e à sua saúde.
Desta vez, toda essa entrada em cena conta com o aval e a cumplicidade do governo argentino, que apoiando-se em um tratado deficiente, não defende, como é sua obrigação, aos seus cidadãos que sofrerão o fustigamento dessa papeleira. O Delta Argentino, Tigre, boa parte da Grande Buenos Aires e outras áreas mais ainda, tendo em conta que o Obelisco de Buenos Aires se encontra a 50 km em linha reta do local da fábrica, serão afetados pelas emissões gasosas, estimadas em 30% maiores que as da Botnia-UPM.

O Rio da Prata não tolera mais contaminação. À carga de eflentes transportados pelos rios Paraná e Uruguai, devem-se acrescentar os despejados pela bacia Riachuelo-Matanza-Reconquista (na grande Buenos Aires), a remoção de sedimentos do porto de Montevidéu e a ampliação de seus molhes, os rejeitos das cidades litorâneas, etc.

O governo do presidente Mojica não tem como controlar nada. Sua DINAMA (Direção Nacional de Meio Ambiente) está desmantelada.Como prova do que está acontecendo, temos a Botnia-UPM e a ALUR (usina produtora de açúcar e etanol), em Bella Unión, que constantemente afeta a moradores de três países (Argentina, Uruguai e Brasil) com seus efluentes e emanações.

Por essas e outras razões é que reiteramos nossa solidariedade com as futuras vítimas ambientais da empresa Montes del Plata, e nos vemos na obrigação de lembrar a nossos governantes, uruguaios e argentinos, que há outro tipo de desenvolvimento, que não passa necessariamente pela exploração agressiva da natureza. Ou seja, que nem tudo deve passar pelas monoculturas, pelas mega-papeleiras, ou pelas minas a céu aberto e que, inexoravelmente, é preciso percorrer os caminhos da boa convivência com o planeta.

San José de Gualeguaychú, 18 de janeiro de 2011.

NÃO ÀS PAPELEIRAS - SIM À VIDA!

Enviado por Victor Bacchetta

Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti



N. do T.: Essa nova mega-fábrica produzirá mais de 1,3 milhões de toneladas anuais de celulose. O início da construção está previsto para o próximo mês e sua entrada em operação está programada para 2013. Ficará localizada em Punta Pereira, quase em frente à Buenos Aires.

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